Em véspera de eleições presidenciais, discursos fortes em defesa da “ordem democrática” marcaram a solenidade
A ministra Cármen Lúcia, que fez a saudação em nome do STF, lembrou que esta é a primeira vez que chega ao cargo uma magistrada de carreira, cujo início do desempenho como juíza se deu em 1976, por concurso público. Com firmeza ela declarou que Rosa Weber assume o cargo em momento de tumulto e desassossego no mundo e no Brasil. “Por isso, tanto mais é necessária a presença de pessoas com as extraordinárias qualidades de decência, de prudência e de solidez de posições, combinada com especial realiza e trato”. E continuou: “O momento cobra rigor. A República demanda compostura, tudo de que Vossa excelência tem para servir de exemplo em tempos de desvalores muitas vezes incompreensíveis”.
A nova presidente lembrou os primeiros 35 anos em que atuou na “minha querida Justiça do Trabalho, em que ingressei por concurso público de provas e títulos em 1976 como juíza substituta”. Por 15 anos foi desembargadora do TRT gaúcho, por seis anos foi ministra no Tribunal Superior do Trabalho e nos últimos 11 anos foi ministra do STF. Num discurso longo, a ministra lembrou os 200 anos de independência do Brasil, comemorados em 2022. Enfatizou que “a democracia pressupõe um diálogo constante, tolerância, compreensão das diferenças e cotejo pacífico de idéias distintas e até mesmo antagônicas”. Rosa Weber também se referiu ao momento em que passa o Brasil. “Vivemos tempos particularmente difíceis da vida institucional do país, tempos verdadeiramente perturbadores, de maniqueísmos indesejáveis. O STF não pode desconhecer esta realidade, até porque tem sido alvo de ataques injustos e reiterados, inclusive sob a pecha de um mal compreendido ativismo judicial, por parte de quem, a mais das vezes, desconhece o texto constitucional e ignora as atribuições cometidas a esta Suprema Corte pela Constituição, Constituição que nó juízes e juízas juramos obedecer”.