Carolina Pinheiro e Ismael Rabelo conduziram roda de conversa virtual alusiva ao Setembro Amarelo no dia 20/9
Quando uma pessoa está em sofrimento e com ideias suicidas, muitas vezes o que mais deseja é ter alguém que possa ouvi-la sem julgamento. A empatia e o acolhimento podem salvar vidas. Estas questões foram abordadas pelos psicólogos Carolina Pinheiro e Ismael Rabelo, do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (AM/RR), em uma roda de conversa virtual realizada na sexta-feira (20/9) com transmissão ao vivo no Canal do TRT-11 no YouTube.
De iniciativa da Coordenadoria de Saúde (Codsau) em alusão ao Setembro Amarelo, o evento contou com o apoio da Coordenadoria de Cerimonial e Eventos (Cocev), Coordenadoria de Comunicação Social (Coordcom) e Secretaria da Tecnologia da Informação e Comunicações (Setic). Os psicólogos agradeceram a todas as unidades envolvidas, cujo trabalho foi fundamental para promover a roda de conversa idealizada para compartilhar reflexões e estratégias pelo bem-estar mental e pela preservação da vida.
Saúde mental
Na abertura, os psicólogos do TRT-11 incentivaram o público a interagir no chat, por meio de comentários e perguntas. “Nossa intenção não é fazer uma palestra densa, pesada. Pelo contrário: queremos ter aqui um momento de conversa e de reflexões”, disse Ismael Rabelo.
Carolina Pinheiro reforçou o convite para a interação e explicou que o Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização que visa ampliar o debate sobre esse tema que é uma questão de saúde pública, mas ainda é tratado como um tabu social. Este ano, “Se precisar, peça ajuda!” é o tema da campanha. Há dez anos, o movimento promovido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) vem crescendo com a adesão de várias instituições públicas e privadas. Há, inclusive, a Lei Nº 13.819, de 26 de abril de 2019, que instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, temática abordada no Setembro Amarelo.
No contexto do ambiente de trabalho, ambos enfatizaram a importância desse movimento em favor da vida. Em um mundo cada vez mais tecnológico, desafiador e com cobranças crescentes, os psicólogos alertaram sobre a importância de cuidar da saúde mental dos trabalhadores. Esse cuidado pode influenciar diretamente na harmonia da equipe, no alcance de metas e no aumento da produtividade. “As empresas e a sociedade têm um compromisso mútuo de fazer essa conscientização sobre o que é o suicídio, como prevenir e como atuar para que o sofrimento e os riscos sejam cada vez mais mitigados”, acrescentou a psicóloga.
Dados sobre o suicídio
Carolina Pinheiro apresentou dados de uma ampla pesquisa sobre o suicídio, que envolveu pesquisadores de vários países, incluindo o Brasil. A pesquisa mundial apresenta dados sobre notificação, hospitalização e mortalidade obtidos entre os anos de 2011 e 2022. Ela destacou alguns achados relevantes em relação ao Brasil: entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos, a taxa de suicídios cresceu 6% ao ano e, no mesmo período, houve um aumento anual de 29% nas notificações de autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos.
Entre os fatores que explicam esse crescimento da taxa de suicídio no Brasil, os psicólogos citaram o aumento das desiguidade sociais, a prevalência dos transtornos mentais e a conectividade exacerbada. Nesse tópico da conectividade, Ismael Rabelo citou pesquisas que ligam o uso exagerado das redes sociais ao aumento da ansiedade e afirmou: “Quem está sempre ali, nas redes sociais, vê a vida alheia como se fosse perfeita. Se a pessoa está em sofrimento e não faz uma leitura adequada do cotidiano, a percepção dela é de que os outros são felizes e só ela vive uma vida inferior e infeliz”.
Sinais de alerta e como ajudar
Como ajudar quem dá sinais de que não está bem? O primeiro passo é ter um olhar cuidadoso e ficar atento às atitudes de um familiar, amigo ou colega de trabalho. Mudança de comportamento, isolamento social, expressões de desesperança e de não querer mais viver são alguns sinais de alerta.
Os psicólogos também falaram sobre o perfil de quem está mais propenso ao suicídio. Pessoas com histórico de doenças mentais, traumas, abuso de substância e quem já tentou o suicídio são mais vulneráveis propensas à ideia de tirar a própria vida. Em seguida, compartilharam dicas de como ajudar:
Escute sem julgamentos
Ofereça apoio
Encoraje a procurar ajuda profissional
Não hesite em chamar os serviços de emergência
Fatores de proteção e canais de ajuda
Diante de tantos desafios para equilibrar vida pessoal e profissional, os psicólogos falaram sobre alguns fatores de proteção. Enfatizaram a importância do autocuidado como atividade física e meditação, assim como manter uma rede protetiva de conexões fortes e saudáveis. Confira alguns fatores de proteção:
Conexão com pessoas próximas e de confiança, que possam apoiar e manter uma escuta ativa;
Acompanhamento psiquiátrico e uso de medicação, quando necessário;
Acompanhamento especializado em saúde, como o psicológico e outras especialidades;
Sono adequado e hábitos de vida saudáveis
Espiritualidade
Evitar exposição a ambientes ou elementos que possam apresentar risco
Para finalizar, compartilharam os contatos que devem ser acionados em caso de emergência:
Disque 193 e 190 – Bombeiros e Polícia
Disque 100 – Direitos Humanos
Centro de Saúde Mental do Amazonas (Cesman)
Centro de Atenção Psicossocial Dr. Silvério Tundis
Emergências – Rede de Atendimento Suplementar
Assista à transmissão na íntegra.
Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Paula Monteiro
Arte: Renard Batista