Mães e pais desesperados, crianças chorando, recepção superlotada, falta de medicamentos e revolta. Assim foi o cenário encontrado pelo deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania), que esteve no Hospital e Pronto-Socorro da Criança Joãozinho, zona Leste, no final da tarde desta segunda-feira (8). O parlamentar atendeu a enxurrada de denúncias que chegaram em seu celular.
Barreto conversou com as pessoas que estavam do lado de fora e na recepção da unidade. Em comum, os relatos citam a demora do atendimento, como do seu Rodrigo da Silva, que chegou às 10h desta segunda com a filha (nome preservado), de 2 anos, e foi avisado às 18h que precisaria aguardar mais quatro horas para o resultado do exame da bebê.
“Cheguei dez horas da manhã, fiz a ficha para a triagem. Quando deu duas horas da tarde, vieram avisar que eu precisava fazer a ficha de novo, enfrentar outra fila, pois tinha dado problema no sistema. Minha filha só foi ser atendida às 18h. Agora terei que esperar mais quatro horas para pegar o resultado do exame e retornar com o médico. Como pai me sinto constrangido, a gente quer uma solução, é minha filha, quero o melhor para ela. Teve criança aqui que chegou vomitando, com convulsão, e não queriam deixar a mãe entrar no hospital”, disse Rodrigo, acreditando que deve deixar a unidade, sem não tiver mais atrasos, próximo da meia-noite.
Outro caso que chamou a atenção foi do bombonzeiro Sandro de Souza, pai de um bebê de 8 meses. Sem conseguir trabalhar desde ontem, com o filho passando mal, o morador do Conjunto Buritis, no Nova Cidade, estava acompanhado da esposa e dona de casa, Larissa Kerolen Souza. Ele conta que o desgaste é grande para o pequeno, que estava com febre alta e aguardou sete horas para ser atendido, e ainda esperava pelo retorno.
“Eu sou vendedor de bombom dentro dos coletivos, não tenho condições, meu trabalho está parado. Meu filho está aí, chegou quase morto aqui, ele passando mal, mole, febre alta, e uma demora enorme. Eu falei que tinham que atender ele, pelo amor de Deus, e aí começaram a se mexer, mas isso já tem horas e horas. Eu e minha esposa estamos sem comer desde cedo, tomamos um café preto. E se meu filho morresse?…”, comentou Sandro.
Moradora do Novo Aleixo, Andrezza Lima da Silva, pontuou que um dos gargalos do Joãozinho é a demora do resultado dos exames, estipulado em quatro horas pelo hospital. Com isso, as pessoas e crianças vão se acumulando entre atendimento e retorno, formando o caos dentro e fora da unidade.
“Minha sobrinha está aqui, tudo lotado, eu estou aqui falando, expondo, por causa da minha criança e de todas que estão aqui, tem pai que está aqui desde sete horas da manhã com criança queimando em febre. Isso é uma falta de respeito. Eu quero que as pessoas olhem para essas crianças que estão aqui. Aqui, os exames demoram quatro horas para sair, aí fica um monte de criança, de gente, aguardando, pois o exame é feito lá no outro hospital. É um absurdo”, disparou Andreza.Providências
Diante da triste realidade, Wilker Barreto cobrou providências do secretário estadual de saúde, Anoar Samad, afirmou que vai aos órgãos de controle denunciar o caso, e fez uma reflexão que o represamento do atendimento no Joãozinho deve-se, também, a precariedade e fechamento de outras unidades às crianças. Além disso, destacou que os trabalhadores da saúde nesta unidade estão há 7 meses sem receber.
“Recebi pedidos dramáticos, de pessoas que conseguiram meu telefone, e enviaram fotos, vídeos, pedindo pelo amor de Deus para eu vir até o Joãozinho. A questão aqui é gritante, isso é resultado da pediatria do Platão fechada, CAICs não funcionando, e causa o represamento. Tem gente desde cedo aqui com seu bem mais precioso no colo, seu filho, filha. É desumano, e o secretário de saúde não passa aqui. O exame de sangue dessas crianças sendo realizados no já sobrecarregado João Lúcio, não tem tomógrafo específico para cá, e tem que dividir com o João Lúcio. Irei acionar os órgãos de controle para que eu possa voltar a fiscalizar e mostrar a verdade”, disparou Wilker.