Visando deliberar, constituir e implementar ideais de acessibilidade para os surdos no ensino superior, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) instituiu nesta terça-feira (1º/09) a Comissão de Políticas para Pessoas Surdas (COPPS). O objetivo é demarcar e estabelecer políticas institucionais de acesso, permanência e linguísticas para alunos, professores, bem como a comunidade surda em geral, nas ações da instituição.
A Comissão tem a proposta de discutir todas as políticas da comunidade surda, desde o ingresso na universidade até a permanência, tradução, interpretação e elaboração de materiais acadêmicos e informativos, assim como apoio aos docentes e discentes. Reconhecida como um sistema linguístico de natureza visual-motora e estrutura gramatical própria, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é oficializada na Lei n° 10.436/2002, que trouxe visibilidade e reconhecimento para essa língua. A partir da sanção da lei, foram criadas diversas outras e decretos de amparo fundamental, como o Decreto nº 5.626, que traz diretrizes de acesso à educação e à saúde, e o papel do Poder Público.
“É uma luta de longa data dos profissionais da área de Libras e que agora conquistamos. A Comissão tem muitos objetivos a atender, e a proposta é de organizar essas políticas linguísticas e alinhar o trabalho com o que já é desempenhado na Universidade, como oferecer acessibilidade não somente dentro da sala de aula, mas em transmissões ao vivo, reuniões administrativas, notícias institucionais, além de discutir estratégias diferenciadas de avaliação para surdos, sobre o papel da Libras dentro da Universidade, formação de professores, intérpretes, a locação destes em centros e escolas da UEA”, completou o professor da UEA e presidente da Comissão, Marcos Roberto dos Santos.
Ele lembra ainda que não há muitas instituições que dão atenção a esse tipo de trabalho com a comunidade surda. “De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5% da população brasileira é composta por surdos. Espero que a UEA se torne referência para outras universidades e instituições. É muito importante para professores, alunos e servidores, pois a acessibilidade do surdo é linguística, eles têm outra língua e uma outra cultura, devemos sim trabalhar políticas de diversidade e igualdade”, disse Santos.
Para a pró-reitora de Ensino de Graduação, Kelly Christiane Silva de Souza, a Comissão representa um grande avanço para as políticas inclusivas já existentes na UEA e que serão melhores planejadas e executadas por professores com formação na área. “A partir do momento em que a comissão começa a funcionar, nós vamos pensar em novos formatos e melhores ações, desde o ingresso do aluno até a colação de grau, garantindo, acima de tudo, o aprendizado e a excelência dentro da Universidade”, finalizou Kelly.