A ministra Marina Silva foi escolhida nesta quarta-feira (13/12) pela revista Nature como uma das dez pessoas que mais contribuíram para a ciência em 2023. Marina foi homenageada pelo trabalho à frente do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pelo “controle do desmatamento desenfreado e reconstrução de instituições enfraquecidas pelo governo anterior”. A ministra foi a única brasileira homenageada pela revista britânica, uma das mais prestigiosas publicações científicas do mundo. A lista feita pelos editores da Nature inclui também Kalpana Kalahasti, cientista que ajudou a Índia a levar uma missão não tripulada à Lua, e Eleni Myrivili, chefe do escritório da ONU para o aquecimento global.
Segundo o periódico, “em um ano que trouxe incessantes notícias ambientais ruins, como o aquecimento global recorde, ondas de calor e incêndios florestais intensos, Marina Silva trouxe uma mensagem esperançosa” com a redução do desmatamento no Brasil. De janeiro a novembro, segundo dados do Inpe, houve queda de 50,5% na área sob alertas de desmatamento na Amazônia.
Os resultados brasileiros, afirmou a publicação, “representam uma mudança acentuada em relação aos últimos quatro anos, quando houve aumento significativo de tais alertas”. A redução reflete a retomada das ações de fiscalização pelo Ibama e pelo ICMBio e da política ambiental brasileira.
De janeiro de 2022 a julho de 2023, houve queda de 22,3% da taxa oficial de desmatamento, medida pelo sistema Prodes, do Inpe, apesar do aumento no segundo semestre do ano passado, destacou a revista. No mesmo intervalo, os autos de infração aplicados pelo Ibama por infrações contra a flora na Amazônia cresceram 104%. As apreensões aumentaram 61%, os embargos, 31%, e a destruição de equipamentos, 41%.
A reportagem cita como “conquista-chave” do MMA o lançamento do novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), em 5 de junho. A iniciativa, que havia sido suspensa pela gestão anterior, foi elaborada em tempo recorde após ser retomada pelo presidente Lula em 1º de janeiro.
À revista britânica, Marina afirmou que uma das principais razões para o sucesso da política ambiental do governo é a transversalidade:
“O que me enche de alegria”, disse a ministra, “é ver em ação um conceito que me é muito caro — a política ambiental não deve ser restrita apenas a um único setor, mas transversal por todos os ministérios.”
Marina também afirmou que a redução do desmatamento não será suficiente se o mundo não reduzir as emissões causadas por combustíveis fósseis. As florestas, completou, “correm o risco de serem destruídas da mesma forma pela mudança do clima”.
“O que nós precisamos é de uma mudança civilizacional, uma mudança nos nossos meios de vida”, completou.
Além de Marina, foram homenageados pela Nature:
Kalpana Kalahasti, engenheira que ajudou a Índia a pousar uma missão não tripulada na Lua;
Katsuhiko Hayashi, cientista que conseguiu criar óvulos viáveis a partir das células de ratos machos, o que pode ajudar a salvar espécies em risco de extinção;
Annie Kritcher, física que ajudou a produzir reações nucleares até então vistas apenas em bombas de hidrogênio e estrelas;
Eleni Myrivili, chefe do escritório de mudança do clima da ONU;
Ilya Sutskever, pioneiro de sistemas de inteligência artificial;
James Hamlin, físico que ajudou a desmentir alegações controversas sobre a descoberta de um supercondutor à temperatura ambiente;
Svetlana Mojsov, bioquímica que ganhou reconhecimento após anos de atraso por seu trabalho na criação de um remédio multibilionário;
Halidou Tinto, pesquisador cujo trabalho em breve permitirá a distribuição de uma segunda vacina antimalária;
Thomas Powles, médico e pesquisador que liderou um estudo clínico para o tratamento de cânceres avançados na bexiga.