O Serviço Florestal Brasileiro (SFB), por meio do Laboratório de Produtos Florestais (LPF), realizou na manhã de hoje, 31/8, o workshop “NIRS: uma solução tecnológica para rastreabilidade de madeira”.
O evento, que aconteceu presencialmente no auditório do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e foi transmitido pelo canal do SFB no Youtube, teve como objetivo apresentar os resultados do projeto CITES/CTSP: S608 Procedência/origem geográfica do mogno de folha grande e identificação da madeira pela tecnologia NIRS.
Fernando Gouveia, coordenador do Laboratório de Produtos Florestais, abriu o evento e passou a palavra para a diretora de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas do Ibama (DBFLo), Lívia Martins, que falou sobre como se faziam o controle há 20 anos.
“Na época em que iniciei em Itaítuba (PA), você identificava a fraude no papel. Hoje você identifica madeira no caminhão ou na madeireira. Fico impressionada como avançamos em 20 anos. Agradeço ao SFB porque é um parceiro que tem feito um trabalho em conjunto com o Ibama e outras instituições no combate à fraude e ampliação do controle. Hoje o Brasil talvez seja o país que mais tenha responsabilidade e tecnologia avançada nesse sentido e ainda estamos avançando muito”, afirmou Lívia.
Com a presença de técnicos de diversos órgãos, o workshop contou com palestrantes de diversas instituições, como o chefe nacional do Setor de Enfrentamento aos Crimes Ambientais (SECAM) da Polícia Rodoviária Federal, Marcelo David Carvalho, o perito criminal federal da Polícia Federal, Marcelo Garcia, o coordenador de Monitoramento e Controle Florestal, o Coordenador Geral de Gestão dos Recursos Florestais do SFB, José Humberto Chaves e o analista ambiental do Ibama, Edevar Sovete.
Por fim, a pesquisadora do LPF e responsável pelo projeto, Tereza Pastore, e o consultor e ex-servidor do LPF, Paulo Fontes, mostraram juntos o resultado do trabalho e as perspectivas para o futuro.
“O objetivo do projeto foi fazer um estudo de caso, ir a campo e testar a ferramenta. Sabemos que a tecnologia NIRS dentro de um laboratório, em ambiente controlado, é extremamente eficaz, mas queríamos saber como ela funcionava em campo. A equipe do projeto foi até uma área de concessão florestal na Flona do Jamari (RO) e fez medição de espectros de uma carga de cedro-rosa. Depois de 22 dias a carga chegou até a cidade de Ubatuba (SP). Fizemos nova leitura de espectros e o resultado foi que 76.2% eram compatíveis, ou seja, era a mesma madeira e possuía a mesma origem,” afirmou Paulo Fontes.
Tereza Pastore, que já foi coordenadora de projetos da CITES por três vezes, acredita que o projeto obteve excelentes resultados. “Nossa ideia é passar essa tecnologia para outros países, a gente já começou a trabalhar, por exemplo, com o Peru”. Ela destacou que é necessário continuar o trabalho com ipês da pesquisadora do LPF, Elisa de Souza. Também pretende atender demandas das concessões florestais; ampliar a pesquisa para outras espécies; construir um aplicativo mais amigável do Programa Matlab e diversificar o programa de processamento dos espectros.
Após a apresentação. Os participantes puderam conferir e testar a ferramenta na área de Anatomia e Morfologia do LPF.
NIRS Fazer o rastreamento de madeira de modo eficiente é um desafio. A tecnologia NIRS, associação da espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS do nome original em inglês – Near Infrared Spectroscopy), e análise quimiométrica, surge como uma proposta para auxiliar na identificação e rastreabilidade.
Esse método consiste na medida de reflectância diretamente da madeira, que carrega consigo a constituição química, física e anatômica. A reflectância mostra o perfil químico de cada espécie, mostrando os detalhes dos compostos constitutivos, uma espécie de impressão digital.
NIRS é um método rápido, pois em menos de um minuto o resultado é obtido, mantém a madeira intacta, é preciso, requer nenhum ou pouquíssimo tempo de preparo de amostra, dispõe de equipamento portátil comercial, exibe o resultado da análise em tempo real e não gera nenhum resíduo químico.
O projeto foi financiado pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e contou com o investimento US$ 50 mil. O tempo previsto de execução era de 24 meses, porém, devido à pandemia e outros empecilhos, o projeto levou pouco mais de 36 meses.
O vídeo do evento pode ser acessado no canal do SFB no YouTube no seguinte link:https://www.youtube.com/watch?v=qm0VsTBreYE&t=96s
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