Atividade foi realizada em parceria com a Associação Koutaku do Amazonas e Associação Nipo Brasileira de Parintins (ANBP); os participantes visitaram pontos históricos japoneses construídos pelos Koutakusseis
Por Sebastião Nascimento – Bolsista de Apoio Técnico Fapeam
Fotos: Jailson Amazonas
O Projeto Cidadania Digital (Procidig) realizou, neste domingo, 22, uma prática de campo na na Vila Amazônia, em Parintins, como parte da segunda etapa do projeto de extensão “Cidadania e Memória Digital Koutakusei”, desenvolvido no curso de Jornalismo do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). A atividade buscou conhecer e fotografar os espaços históricos construídos pelos Koutakusseis – imigrantes japoneses que vieram ao Amazonas em 1930 e se estabeleceram naquela área – e conversar com os moradores locais sobre o impacto da presença japonesa no local.
A iniciativa foi promovida pela Associação Nipo Brasileira de Parintins (ANBP) e a Associação Koutaku do Amazonas, em parceria com o Procidig. A visita foi guiada pelo professor do curso de Geografia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Camilo Ramos, que há cerca de trinta anos pesquisa o tema e vem desenvolvendo um mapeamento de geolocalização na região. Estiveram presentes o presidente da Associação Koutaku do Amazonas, Valdir Sato, descendente dos Koutakusseis; o presidente e o segundo secretário da ANBP, Elizeu Inomata e Tosui Kunimune; além da coordenadora do Projeto Cidadania Digital Marina Magalhães; do bolsista de apoio técnico Sebastião Nascimento, e dos estudantes e de outros participantes do projeto de extensão.
“O projeto de pesquisa Cidadania Digital envolve o registro e difusão em rede de narrativas dos povos da região do Baixo Amazonas. Na fase de mapeamento nos deparamos com as narrativas dos koutakusseis, o que acabou gerando um novo projeto de extensão, que chamamos de “Cidadania e Memória Digital Koutakusei” e que faz parte da mesma pesquisa, mas tem como foco especificamente o envolvimento com a comunidade japonesa. Encontramos nos nossos parceiros todo o apoio e interesse em contar essa história e expandi-la nas redes digitais”, conta Magalhães, coordenadora do projeto e professora do curso de Jornalismo da UFAM.
Na oportunidade, o projeto gravou entrevistas para dois produtos que estão em desenvolvimento sobre a história e memória dos imigrantes japoneses em Parintins: uma podsérie (série de podcasts) e uma radionovela de época. O material também será utilizado como base para a produção do fotolivro sobre a história dos Koutakuseis, coordenado pela professora Drª. Cândida Nobre (ICSEZ/UFAM). Já a Associação Koutaku do Amazonas fotografou, em parceria com o Procidig, os pontos históricos para realizar a produção do livro de fundação de Vila Amazônia, denominado “Vila Amazônia Ontem e Hoje”. Valdir Sato explica sobre a proposta da atividade e do livro:
“Nossa maior missão, enquanto associação, é não deixar morrer a história dos nossos pais, os Koutakuseis. Somos gratos a todos que nos ajudam a difundir essa história. Ficamos felizes de participar com o projeto Cidadania Digital dessa verdadeira excursão pela Vila Amazônia. Essa parceria vai render bons frutos. O projeto “Vila Amazônia Ontem e Hoje”, que está sendo desenvolvido pela Associação Koutaku do Amazonas, tem como propósito a criação de um livro que conta a história da Vila Amazônia, mostrando como os prédios construídos pelos Koutakuseis estão hoje, fazendo uma comparação entre o ontem e o hoje por meio de fotografias e, assim, tornar a Vila Amazônia em um ponto turístico sobre a história dos Koutakuseis”, declara Valdir Sato.
Na visita, a equipe constatou a destruição dos prédios e a deterioração destes espaços. A Anbp e a Associação Koutaku do Amazonas trabalham em parceria para que a história e memória dos Koutakuseis não sejam esquecidas em Parintins.
“Só conseguimos compreender os rastros deixados pelos japoneses na Vila Amazônia graças às explicações do Professor Camilo Ramos, que por muito tempo se dedicou a pesquisar a região. Infelizmente, não houve uma preocupação dos gestores públicos em manter essa memória viva, a maior parte do que foi construído virou ruína. As associações mantidas pelos descendentes de japoneses da região vêm tentando recuperar essa história, e nós, da Universidade, juntamos o nosso trabalho a essa luta”, conclui Magalhães.
O de extensão “Cidadania e Memória Digital Koutakusei” faz parte do projeto de pesquisa Cidadania Digital, que é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Edital Humanitas (Edital n.05/2022). A iniciativa está vinculada ao grupo de pesquisa Visualidades Amazônicas (VIA/UFAM/CNPq) e tem como parceiro o Centro Internacional de Pesquisa Atopos (ECA/USP), dentre outras instituições.