Uma viagem no tempo ao antigo porto dos Ingleses, proporcionando uma volta a Manaus que se tornou cosmopolita a partir da relação com o rio, é um dos eixos de funcionamento da futura revitalização do Museu do Porto, no centro histórico, cujo prédio está fechado há mais de 20 anos.
Os eixos do projeto, que integra o programa “Nosso Centro”, lançado pela Prefeitura de Manaus ano passado, foram discutidos em reunião de membros da Comissão Técnica para Implementação e Revitalização do Centro Histórico de Manaus, em especial o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) e a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), com a presença da historiadora e professora Etelvina Garcia.
Segundo ela, o frisson era provocado porque o porto concentrava o que havia de mais moderno em termos de tecnologia portuária desenvolvida pelos ingleses no começo do século XX, há 120 anos. Tinha a ponte articulada, que acompanhava o movimento das águas, e os contêineres, também chamados de “macacos das torres”, que eram movimentados por cabos aéreos.
“Definimos os grandes eixos do projeto de restauração e ampliação do museu. Embora seu acervo originário esteja bastante prejudicado, uma das ideias em construção é o de fazer uma réplica em escala do antigo porto dos Ingleses para ser instalada na praça IX de Novembro. Ali poderemos ter um vislumbre do porto se movimentando, que fazia tanto sucesso e era atração turística”, observa Etelvina.
Um terceiro eixo tem ligação mais com educação e conhecimento, para promover intercâmbio com universidades, escolas e institutos de pesquisa. “Precisamos ter esse conhecimento e consciência das nossas potencialidades, da nossa bioeconomia, do que respeita o ambiente e deixa a floresta em pé”, salienta.
Outro eixo de desenvolvimento é contar a importância da navegação e como ela influenciou a capital cosmopolita e a “Paris dos Trópicos”, onde chegavam navios da Europa com cargas trazendo de pianos alemães a joias, tecidos e calçados. E de Manaus eram exportados os itens extrativistas, capitaneados pela emblemática borracha. “Todo este progresso veio da água. É preciso resgatar essas raízes culturais, indígenas, essa vida com o porto. Manaus é um milagre do rio e da floresta. É preciso mostrar a evolução, da canoa aos grandes navios da época, que hoje seriam correspondentes aos transatlânticos”, pontua a professora.
Para o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente, as tratativas das reuniões técnicas auxiliam no ajuste de projeto, se necessário, para melhor adequação ao uso futuro do espaço. “Agora estamos realizando reuniões por eixo, no caso o cultural, vislumbrando as obras efetivas do Nosso Centro. É a construção das operações para quando o museu estiver construído e pronto, para ter as adequações necessárias ao seu uso”, afirma Valente.
Ajustes
Vocação
O diretor-presidente da Manauscult, Alonso Oliveira, adianta que será constituída uma Comissão de Museologia para dar suporte aos estudos e relações entre o acervo e o patrimônio. “Para que possamos desenvolver um projeto de restauro para mais próximo daquela antiga e bela época. Na gestão David Almeida temos o compromisso de cuidar da cidade, das pessoas e que, em um espaço de tempo, teremos este lugar revitalizado, com um projeto magnífico”, salienta Alonso.
O prédio foi o primeiro construído na área, o número um da Manáos Harbour Limited, feito para abrigar as instalações da usina elétrica que daria a sustentação para as obras portuárias em sequência, como armazéns, doca, Roadway e outros.
Manaus é uma cidade que por natureza nasceu fazendo comércio e enriqueceu com as linhas comerciais internacionais. Mostrar a verdadeira revolução cultural e tecnológica da época, para jovens, estudantes, visitantes e turistas é um dos objetivos da revitalização para o museu.
O “Nosso Centro” concentra os trabalhos da Comissão Técnica para Implementação e Revitalização do Centro Histórico de Manaus, criada pelo prefeito David Almeida. Ela conta com membros do Implurb, secretarias municipais de Finanças e Tecnologia da Informação (Semef) e do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), além da Manauscult.
Projeto
Texto – Claudia do Valle / Implurb
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Foto – Altemar Alcântara / Semcom