O estande do Brasil na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 27) recebeu uma visita ilustre nesta terça-feira (14.11): Rattan Lal, um dos maiores especialistas em ciência do solo do mundo, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007, como membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).Professor Universitário de Ciência do Solo e Diretor do Centro de Gerenciamento e Sequestro de Baixo Carbono da Universidade Estadual de Ohio, Rattan Lal foi laureado com diversos prêmios ao longa da carreira. Entre eles, o Prêmio Mundial da Alimentação, em 2020, principal láurea internacional dedicada às conquistas de indivíduos que avançaram no desenvolvimento humano e que contribuíram para melhorar a qualidade, quantidade ou disponibilidade de alimentos no mundo.
Foto: Ruben Naftali/Secom
“O exemplo da agricultura brasileira é uma história de sucesso. Eu posso dizer que o processo de conservação na agricultura brasileira foi feito de uma maneira muito apropriada”, elogiou o indiano, que participou de um painel que tratou do tema Segurança Alimentar e Paz.
O debate contou com a participação do secretário de Inovação e Tecnologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cleber Soares; da diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Fabiana Alves; do secretário da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Freire; e do presidente da Comissão do Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas, Muni Lourenço.
Ao falar para uma plateia que lotou a área reservada aos painéis no estande brasileiro e que acompanhava a apresentação do lado de fora, Rattan Lal lembrou que fez sua primeira visita ao Brasil em 1975 e que, desde então, tem mantido uma relação próxima como país.
“Eu testemunhei um milagre acontecendo no Brasil devido à excelência na ciência, à transformação da ciência em realidade e às boas políticas”, ressaltou. “A ciência brasileira e suas informações são muito boas. Tenho muito orgulho porque muitos dos meus estudantes são brasileiros”, lembrou.
Em sua apresentação, o acadêmico ressaltou detalhes técnicos relativos aos cuidados com o manejo sustentável do solo, destacou a necessidade do uso racional da água ao lembrar que 70% de toda a água utilizada pela população mundial é usada na agricultura, tratou do uso dos fertilizantes e foi categórico ao afirmar que o principal desafio global para garantir a segurança alimentar é produzir mais alimentos com menos terra, água e fertilizantes.
Para Lal, o Brasil ocupa um lugar de destaque na produção de alimentos e, após atingir um alto nível científico nas questões de uso do solo e conhecimento aplicado à agricultura o próximo passo é compartilhar esse conhecimento com a África para que eles possam seguir o mesmo exemplo.
“A revolução verde não aconteceu lá ainda e as colheitas são muito baixas. Se conseguirmos essa cooperação entre Brasil e os países da África Subsaariana, isso iria trazer essa revolução para a agricultura africana. Eles têm recursos naturais no que diz respeito à terra, água, chuva, clima e ecossistema. É só uma questão de vontade política para traduzir ciência em ação. Eu acho que o Brasil pode ajudar com essas políticas na África”, prosseguiu.
“A honra foi toda nossa. O Dr. Lal é uma referência mundial e uma personalidade importantíssima para as questões que estão sendo abordadas na COP 27, principalmente as que dizem respeito à segurança alimentar global”, agradeceu Cleber Soares, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
COP 27
A terça-feira no estande do Brasil na COP 27 teve, ainda, painéis sobre pecuária, segurança alimentar e segurança climática; ciência, tecnologia e inovação para sustentabilidade; mercado de carbono e ativos ambientais e políticas públicas para a promoção e adaptação nos trópicos.
Além disso, o Brasil tem promovido diversos painéis em que são discutidos temas relevantes da pauta do país para a COP 27, como a geração de energia limpa, o mercado de carbono e a força da agricultura sustentável no país, entre outros.