Mais de 1.500 metros quadrados das tradicionais pedras portuguesas que fazem os desenhos em curvas e retas do complexo turístico Ponta Negra, zona Oeste, passam por recomposição e reposição com serviços da Prefeitura de Manaus. Em razão das chuvas fortes no período de janeiro e fevereiro, o trabalho delicado acaba mais comprometido, mas é realizado diariamente.
A recomposição é feita de forma manual para restaurar áreas do grande calçadão onde as rochas de calcário e basalto portugueses acabam se deslocando no piso, sendo repostas uma a uma. Por ser mais rústico e com formas orgânicas, o piso traz um sentimento de memória afetiva.
“O trabalho de manutenção, determinado pelo prefeito David Almeida, é necessário e feito periodicamente no espaço, deixando o parque público ordenado e com os cuidados preventivos e de correção”, explicou o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente.
A manutenção tem supervisão da comissão do parque, via Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), órgão responsável pela gestão do complexo. Uma média de 55 a 100 metros quadrados são repostos, por dia. O parque ainda passa por serviços de manutenção no prédio administrativo, com lavagem de jato de alta pressão nas paredes externas; limpeza e desobstrução da laje e calhas do prédio; pintura e manutenção nos equipamentos, limpeza geral e retirada de entulhos.
Desenho
Com um traçado sinuoso, que lembra o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões, o calçadão tem desenhos em pedras portuguesas, semelhante aos que foram usados pelo paisagista e arquiteto Burle Max em obras pelo Brasil, usando o padrão de ondas de praças em Lisboa, em Portugal.
Na Ponta Negra, os desenhos são geométricos e em ondas sinuosas, conferindo ao espaço um piso antiderrapante, que tem mais absorção de águas pluviais e retém menos calor.
As pedras portuguesas apareceram primeiro em calçadas de Manaus, no largo São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas, entre 1901 e 1905. No Rio de Janeiro, onde os mosaicos são bastante comuns, alguns são herança do período em que a cidade era a sede do Império.
A técnica de desenhar pavimento com pedras foi consolidada em Portugal no século 16. Posteriormente os mosaicos ganharam cores em contraste e desenhos mais exuberantes. A partir do século 19 a herança lusitana se estendeu para outras cidades brasileiras como Manaus, Belém, Salvador, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras.
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Texto – Claudia do Valle / Implurb
Foto – Divulgação / Arquivo Semcom