“Eu já estou com essa idade. Se eu morrer, esses livros todos vão parar no lixo, e o pessoal joga mesmo. Hoje, com esse negócio de celular, as pessoas não querem mais saber de livros. E se eu aprendi alguma coisa com eles, acredito que outras pessoas também possam aprender”. Esse foi o depoimento do industriário aposentado Raimundo da Silva Xavier, de 79 anos, um dos primeiros a chegar no ponto de coleta de livros usados da Prefeitura de Manaus, instalado no parque municipal Lagoa Senador Arthur Virgílio Filho, popularmente conhecido como “Lagoa do Japiim”, localizado na avenida Rodrigo Otávio, bairro Japiim, zona Sul.
Debaixo da forte chuva que caía na manhã desta sexta-feira, 18/2, e com uma pequena sacola de lona, o aposentado chegou ao local, vindo de ônibus do bairro do São José, na zona Leste da cidade, por volta de 8h45.
“Eu ouvi no rádio sobre a doação e, como eu tinha comprado alguns, separei para trazer. Falei com a minha filha que tem muitos também, mas como ela demorou e já estava dando 7h30, vim logo trazer os meus. Espero que eles ajudem outras pessoas, como me ajudaram ao longo da vida”, disse Raimundo, que é natural do município de Alta Floresta, no Estado do Mato Grosso, mas mora em Manaus há mais de 30 anos.
Doação
Mais de 500 títulos foram entregues no primeiro dia de funcionamento do ponto de coleta de livros usados da Prefeitura de Manaus. O recebimento dos títulos iniciou nesta sexta-feira, e vai funcionar de segunda a sexta-feira, no horário das 8h às 16h, segundo informou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), órgão responsável pela ação.
A ação visa à coleta desses títulos para a 6ª edição da Feira de Livros de Manaus, que vai ocorrer em alusão ao Dia Nacional do Livro, comemorado no dia 18 de abril.
“O objetivo da gestão do prefeito David Almeida é que esse ponto de coleta, e outros que estão sendo preparados nos parques da cidade, seja permanente. Nós iremos fazer uma catalogação e depois o repasse para a população durante a Feira do Livro, e também em outras datas ao longo do ano”, informou o titular da Semmas, Antonio Stroski.
O titular da Semmas explicou que essa ação vai ajudar muitas pessoas, que buscam nos livros a melhoria de vida. “Vamos fazer um mecanismo para que todas as regiões da cidade possam ser alcançadas com o benefício dessas doações. Então a gente quer é isso, aquilo que às vezes é descartado de material para reciclagem, às vezes são conteúdos importantes de livros literários, técnicos e que muitas pessoas têm dificuldades no acesso”, disse o secretário.
O secretário de Meio Ambiente falou também sobre a expectativa da realização da Feira de Livros de Manaus esse ano, que é tão esperada pela população manauara, mas que nos últimos anos não foi possível a realização devido à pandemia da Covid-19.
“Nós queremos no mínimo alcançar aquilo que já aconteceu. Vamos obedecer também nas nossas atividades os protocolos com relação à pandemia, mas a expectativa é de que ultrapasse na verdade esses números que aconteceram no passado. Com certeza vamos superá-los”, finalizou Antonio Stroski. Na última ação de coleta de livros, em 2019, a Semmas chegou a receber mais de 18 mil títulos.
O aposentado Marivaldo Ferreira Ramos, 71, trouxe todos os livros que estavam na casa dele e disse que vai fazer campanha na vizinhança para arrecadar mais. “A partir deste sábado, se a chuva deixar, eu vou bater de porta em porta. Só sabe o prazer de um livro quem realmente valoriza a leitura. Parabenizo a todos os envolvidos nesse trabalho edificante”, disse.
Texto – Keynes Breves / Semmas
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Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjzCQ4e
Fotos – João Viana / Semcom
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