Por Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom
A professora Patrícia Brito do Departamento de Saúde Materno Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas (DSMI/FM/Ufam) foi a responsável pela coordenação da pesquisa ‘Óbito por abortamento em adolescentes no Brasil: análise de uma década’ que conquistou a segunda premiação no 18°Congresso Brasileiro de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência, ocorrido entre os dias 17 e 19 de outubro de 2022. Os alunos da FM, Damares Venâncio e Luís Alexandre Lira Castro integraram a equipe investigativa, contribuindo assim, com dados expressivos.
De acordo com a coordenadora Patrícia Brito, a pesquisa teve como objetivo principal determinar as taxas de óbito por abortamento no público adolescente no Brasil, correlacionando taxas entre as diversas regiões. Para tanto, a docente realizou um estudo retrospectivo, utilizando o método descritivo e quantitativo com análise de dados secundários, extraídos do Portal DATASUS, para os anos de 2010 a 2020. Ela estabeleceu uma comparação de faixa etária 10 a 14 anos e de 15 a 19 anos, por causa do abortamento, paridade, escolaridade e raça/cor entre as adolescentes das regiões do Brasil.
Acesse o link com dados estatísticos da pesquisa:
https://docs.google.com/document/d/1t3s43Jg4nPn2TbU6NTEfHhaPBh3jEez8q6SJGL4ia-M/edit?usp=sharing
A pesquisadora disse que durante seu processo investigativo foi observado que o óbito por abortamento em adolescentes é mais comum nas regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e com baixa escolaridade, sendo mais comum na faixa etária de 15 a 19 anos. “Essa estatística está relacionada a abortos não seguros, ou seja, os que não são realizados em ambientes hospitalares”, completou Patrícia Brito.
Por sua vez , a docente acredita que os resultados confirmam uma realidade cruel para a nossa região, considerada a segunda maior em óbitos nessa faixa etária, relacionado à abortamento não seguro. Ela entende que isso demonstra a necessidade de orientação, de acesso aos métodos contraceptivos na assistência primária, à dificuldade de oferecer à adolescente uma assistência médica focada nas duas necessidades.
“A necessidade de acolher, de instruir, de oferecer métodos seguros, para evitar a gravidez indesejada nessa faixa etária, e de assegurar um ambiente saudável para o atendimento desse grupo”, é o que pensa a pesquisadora que acredita que a pesquisa “mostra as fragilidades do sistema, que não ajuda a adolescente a prevenir a gravidez, e a empurra a procurar métodos não seguros para realizar a interrupção, colocando em risco sua vida e de seu futuro reprodutivo”.
Brito avalia positivamente a projeção que teve a pesquisa no 18°Congresso Brasileiro de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência que ocorreu no formato remoto. “A importância do estudo é sem dúvida um alertar para a sociedade, gestores e público em geral, para que tenham um olhar mais profundo e amplo acerca do assunto”, expôs Brito.
“A premiação de um segundo lugar em um evento nacional, mostra que a Ufam está em pé de igualdade com as demais instituições de ensino médico. O que implica que os nossos alunos e professores apresentam a capacidade produtiva e acadêmica, os quais chamam atenção para a nossa realidade”, finalizou a pesquisadora.