Laringe eletrônica é utilizada como um dos métodos de reabilitação vocal
Pela primeira vez no Estado, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon) entrega, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), o aparelho de laringe eletrônica, que auxilia pacientes que perderam a voz a voltarem a se comunicar por meio da fala. Sete pacientes estão sendo beneficiados e receberam o equipamento na tarde desta quarta-feira (26/10), na FCecon, unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).
A perda da voz ocorre, especialmente, durante o tratamento contra o câncer de laringe, que deve afetar 90 pessoas no Amazonas, em 2022, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
“Em alguns casos de câncer de cabeça e pescoço, mais especificamente na laringe, é recomendado o tratamento de laringectomia total, que é a retirada total deste órgão. Com isso, a pessoa perde a possibilidade de emitir o som, ou seja, perde a voz devido à retirada das pregas vocais”, explica a fonoaudióloga da FCecon, Márcia Pastor.
Reabilitação
Na FCecon, os pacientes que fizeram a laringectomia total têm a indicação para a reabilitação vocal, realizada no Ambulatório de Fonoaudiologia.
Além de tratamento para recuperar a fala, o setor trabalha com a reabilitação de pacientes com dificuldades para se alimentar. O tratamento de radioterapia e cirurgia na região de cabeça e pescoço pode resultar em dificuldades para alimentação, fala e deglutição. O fonoaudiólogo atua na reabilitação dessas funções.
Qualquer paciente da FCecon que apresente dificuldades nessas áreas pode procurar atendimento com fonoaudiólogo, após marcação de consulta no Ambulatório, com encaminhamento de qualquer membro da equipe multidisciplinar e carteirinha de paciente.
No setor, os pacientes recebem orientações por meio de consultas e treinamentos com os profissionais da Fonoaudiologia.
Laringe eletrônica
O equipamento é portátil. O paciente pressiona o aparelho contra a pele do pescoço e aciona um botão. O dispositivo emite uma vibração sonora contínua. Nos órgãos articuladores (lábios, língua e dentes), a vibração é transformada em fala, emitindo um som robótico.
“Através deste aparelho, que estamos entregando, nós conseguimos o retorno dessa fala de uma forma mais imediata, de fácil aprendizado e com uma alta taxa de efetividade”, diz Márcia Pastor.
Um dos pacientes que receberam a laringe eletrônica é Vicente Brito. Em 2018, ele teve a laringe retirada para tratar um câncer e perdeu a possibilidade de se comunicar por meio da voz. Ele já enfrentou dificuldades e preconceito em atividades de rotina, como ir à padaria, onde uma atendente lhe sugeriu aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras), porém nem ela mesma sabia se comunicar desta forma.
Desde lá, o paciente faz acompanhamento com a Fonoaudiologia na FCecon. Para Vicente, o aparelho representa a possibilidade de ter uma vida normal. “Eu volto a me comunicar. É muito difícil ficar sem falar. Com a laringe eletrônica, eu me considero normal, apesar de ainda existir muito preconceito com essa situação e estranharem o som robótico”, comentou o paciente, que aguarda ter alta oncológica e bater o “Sino Dourado” em fevereiro de 2023.
SUS
A indicação para o uso da laringe eletrônica é feita pelo médico cirurgião de cabeça e pescoço e pelo fonoaudiólogo, pois nem sempre o aparelho é o melhor método de reabilitação vocal.
A laringe eletrônica está incorporada ao SUS para atender os pacientes laringectomizados. Os aparelhos foram entregues aos pacientes da FCecon, após um processo formal de compra.
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