Integrando a Rede Brasileira de Urbanismo em Áreas Centrais, a Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), está presente na Cartilha de Boas Práticas – Volume 1, lançado pelo grupo que envolve nove capitais do Brasil, onde ocorrem, em diferentes períodos de tempo, a reabilitação das áreas centrais.
A cartilha compartilha boas práticas, apresenta o desenvolvimento dos planos de cada capital, aponta cases de sucesso e os desafios da requalificação dos territórios urbanos de Manaus (AM), Recife (PE), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Salvador (BA), São Luís (MA), Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS).
O documento é resultado do trabalho de gestores, técnicos e todas as equipes interessadas na transformação dos centros urbanos em espaços mais inclusivos, sustentáveis, economicamente dinâmicos e com uso renovado, sendo uma ação colaborativa e de compromisso das cidades que integram a rede brasileira, levando em conta suas particularidades culturais e urbanísticas.
A cooperação entre as capitais, representantes legislativos e técnicos municipais reforça o compromisso do grupo com uma agenda urbana que valoriza o patrimônio histórico, o pertencimento das populações, incentiva a inclusão social e promove o crescimento de negócios e da economia.
De Manaus, a experiência incluída é o programa “Nosso Centro”, que abrange uma área total de mais de 11 mil quilômetros quadrados, lançado pelo prefeito David Almeida em 2021, cuja primeira etapa foi iniciada e inaugurada, contando com quatro grandes obras de reuso na revitalização do centro histórico, a partir da avenida 7 de Setembro, às margens do rio Negro: mirante Lúcia Almeida, largo de São Vicente, píer turístico Manaus 355 e casarão Thiago de Mello.
Para o diretor de Planejamento Urbano do Implurb, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro, a cartilha apresenta como as capitais estão atuando nos seus centros urbanos, desde a governança participativa, passando pelo desenvolvimento e até o crescimento econômico. “Cada cidade apresenta como ocorre sua reabilitação, ao longo do tempo, em diversos momentos distintos e com suas especificidades. Em Manaus, temos o ‘Nosso Centro’, cuja primeira etapa foi concluída e avança para as etapas seguintes, com os próximos projetos e ações. A cartilha traz uma compilação das informações referentes ao desenvolvimento, tanto das atividades quanto dos programas de revitalização que estão acontecendo no Brasil. E é uma grata surpresa estarmos inseridos e sabermos que estamos no caminho certo”, comentou.
No documento estão apresentados os eixos de atuação das capitais conforme o acordo de cooperação assinado entre elas e seus gestores, facilitando a identificação das práticas relevantes e que podem servir de referência para outras cidades em busca de projetos inovadores, atuando para criar centros urbanos mais vivos, acessíveis, resilientes e cheios de história. Ela deve servir como um guia, além de representar um marco importante nacional que pode inspirar e orientar iniciativas em outros municípios brasileiros.
Tempo
Pedro Paulo adianta que não é uma jornada fácil revitalizar uma área central desgastada, degradada e abandonada ao longo de décadas e que a escala de tempo é diferente para cada centro urbano. “Muita gente acredita que pode acontecer em um ano, dois anos, mas isso não é real. Um plano de revitalização de áreas centrais acontece entre períodos de cinco anos, dez anos, 20 anos. Até porque, se precisa de muito investimento para reabilitar áreas degradadas e abandonadas, e não só investimento de recursos financeiros, mas também de pessoal, invertendo a lógica de como funciona o território”, disse o arquiteto e urbanista.
No caso de Manaus, o “Nosso Centro” tem entre seus eixos o “Mais Vida”, que é levar pessoas e frequentadores ao território, seja com visitação, como já acontece nos espaços entregues, seja com moradia, que é uma meta da segunda e terceira etapas do programa municipal.
“São diversas experiências que estão ocorrendo e cada uma tem suas peculiaridades. E o ‘Nosso Centro’ visa exatamente isso, ser um programa a médio e longo prazos. Mas os resultados já estão aparecendo hoje, com a primeira etapa entregue. Além da experiência do fazer e construir, temos ainda as cooperações com órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Amazonas, que vai desde uma fiscalização compartilhada até apoio técnico referente a projetos. Um dos casos é o da reforma das três igrejas mais antigas e de maior relevância junto ao patrimônio – igrejas de São Sebastião, Nossa Senhora da Conceição (Matriz) e dos Remédios –, que estão sendo reformadas com recursos oriundos de emenda parlamentar”, afirmou.
A Cartilha de Boas Práticas é uma verdadeira bússola apontando os esforços, desafios e vitórias na reabilitação dos centros urbanos das capitais. Em Manaus, o programa incluído tem um forte apelo ao turismo, mas as iniciativas prezam pela melhoria da qualidade de vida dos moradores.
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Texto – Claudia do Valle/Implurb
Fotos – Arquivo/Semcom e Divulgação