Há 46 minutos
Por Agência Amazonas
“Saber que estaríamos ajudando a permitir que uma pessoa voltasse a enxergar nos deixa aliviados”, diz a filha do doador
FOTO: Arquivo pessoal
A primeira doação de órgão realizada em 2022 foi de córnea. No dia 5 de janeiro, a Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, responsável pela conscientização e sensibilização da doação de órgãos, recebeu o “sim” da família de um paciente que faleceu proveniente de um choque cardiogênico, que leva à falência múltipla dos órgãos.
A diretora do HPS, Júlia Marques, exaltou o trabalho realizado pela comissão. “Esse é um trabalho feito com muito amor. Pois sabemos o quanto é difícil abordar um familiar em um momento de dor para sensibilizá-la a ajudar alguém que nem conhece. A doação de órgãos, além de uma atitude altruísta, é um gesto de amor ao próximo”, afirmou a diretora.
A família foi acolhida pela equipe da CIHDOTT, que explicou sobre a fila de pessoas que aguardam por um órgão na lista de espera do sistema de saúde nacional e como são realizados os procedimentos para o transplante. A família compreendeu a importância de doar e concordou com a doação.
Laurinete Brasil, responsável pela CIHDOTT dentro do HPS 28 de Agosto, falou sobre a importância desse ato. “A decisão final sobre a doação de um órgão é sempre da família do doador. É muito importante que a família tenha consciência de que ela estará ajudando outra pessoa com aquele órgão de seu ente querido. Toda pessoa que, em vida, deseja ser doador de órgãos e tecidos é importante que conscientize sua família do desejo de ser doador, para que outras pessoas possam ter a chance de continuar vivendo”, ressaltou Laurinete.
Pamella Dávila, filha do doador, disse que é difícil para um familiar tomar uma decisão dessa proporção em meio a um momento de muita dor, mas que o sentimento de poder ajudar alguém que necessita de sua decisão para viver é um alívio, pois a gratidão pela vida do ente que partiu é ainda maior.
“Foi uma decisão tomada no meio de uma dor tão grande, mas saber que estaríamos ajudando a permitir que uma pessoa voltasse a enxergar nos deixa aliviados, pois o sentimento é de gratidão a Deus, pois conviver com ele foi como ter um bilhete premiado, uma sorte em um milhão, a sensação de dever cumprido, pois ele nos encheu de orgulho em vida e em morte. É o cara! ”, diz Pamella.
Homenagem – O doador se chamava Francisco Cesar dos Santos Lima, tinha 50 anos, filho do Nordeste que foi acolhido pelo Norte; foi filho, irmão, esposo, pai, tio, padrinho e amigo. Francisco venceu as barreiras da fome. Era um homem de pouca instrução, mas trabalhador.
Fez sozinho o seu caminho, criou cinco filhos adotivos e dois biológicos com suor do seu rosto. Venceu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) seguido de um infarto, situação que precisou passar por uma craniotomia – procedimento onde se faz necessária a remoção do osso do crânio para que uma cirurgia seja feita no cérebro. Seu Francisco acordou de dois comas. O vascaíno fiel e apaixonado por animais teve que reaprender funções básicas como falar e andar. Sete anos após o AVC teve a alegria de ser avô do Lorenzo e do Anthoni.
Lúcido mesmo após um diagnóstico de estado vegetativo, Francisco foi um milagre e será eternizado através do olhar de um novo alguém, como sua última vontade.