Pesquisadora da FCecon sequenciou 382 genomas e concluiu que rearranjo viral impulsionou mais de 6 mil casos entre 2022 e 2024.
A pesquisadora Tatiana Almeida, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), publicou estudo na revista Nature Medicine identificando que o surto de Oropouche na Amazônia Ocidental, entre 2022 e 2024, foi provocado por uma nova linhagem do vírus formada por rearranjo de segmentos já circulantes na região e em países vizinhos. Na época, mais de 6 mil casos foram confirmados. A transmissão do vírus é feita pelo inseto Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
Detalhes do estudo
O trabalho fez parte do doutorado intitulado “Caracterização genética e dinâmica de dispersão dos vírus Oropouche circulantes na Amazônia Ocidental brasileira” e teve como objetivo distinguir geneticamente o vírus e entender a dinâmica de dispersão que impulsionou surtos nos estados da Amazônia Ocidental — Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima.
Foram sequenciados 382 genomas de pacientes desses estados e as amostras foram comparadas com materiais coletados nas Américas desde 1955. Conforme Tatiana Almeida, “A pesquisa reconstruiu a origem provável dessa linhagem no Amazonas, entre 2010 e 2014, e mapeou as principais rotas de dispersão entre estados e municípios”.
As análises indicam que a maior parte da propagação ocorre em distâncias curtas — cerca de dois quilômetros — compatíveis com o voo dos insetos vetores. No entanto, aproximadamente um terço das introduções envolve deslocamentos em torno de dez quilômetros, associados à mobilidade humana. Segundo a pesquisadora, “O trabalho fornece o primeiro retrato genômico detalhado dessa epidemia”.
Parcerias e apoio
A pesquisa recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), da REDE Genômica de Vigilância em saúde do Estado do Amazonas (Regesam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do INCT-VER e da chamada CNPq/MCTI 10/2023. Também contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Coordenação e instituições envolvidas
O estudo foi coordenado pelo , em parceria com a Fundação de Vigilância em saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) e os Laboratórios Centrais de saúde Pública (Lacen-AM), além das vigilâncias em saúde dos estados envolvidos. Participaram pesquisadores da FIOCRUZ Rio de Janeiro, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), das Universidades Federal do Amazonas (UFAM), Estadual do Amazonas (UEA), Federal do Espírito Santo (Ufes) e Federal de Pernambuco (UFPE), além de unidades da FIOCRUZ Rondônia, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FIOCRUZ) e do Instituto Aggeu Magalhães (FIOCRUZ Pernambuco).
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