Procedimento realizado em 1º de novembro consolidou a unidade como o maior centro público de transplantes do Norte do País

FOTO: Alex Pazuello/SECOM
O Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, referência em média e alta complexidade, realizou, no dia 1º de novembro, o primeiro transplante de fígado da REDE pública do Amazonas, após dez anos sem o procedimento. A paciente, natural do município de Ipixuna (a 1.367 quilômetros de Manaus), recebeu alta médica na tarde da última quarta-feira (12/11), após apresentar excelente recuperação no pós-operatório.
O governador Wilson Lima destacou o caso, durante a apresentação do balanço dos transplantes realizados no Amazonas, no dia 3 de novembro. O procedimento simboliza o avanço histórico da REDE pública de saúde e marca oficialmente o início de uma nova fase da alta complexidade no Amazonas. Na ocasião, ele também ressaltou que o Delphina Aziz se consolida como o maior centro público de transplantes do Norte do país, após realizar, no mesmo dia, dois transplantes de rins e um de fígado.
“Para implantar um serviço como esse é preciso toda uma preparação, de estrutura, de equipamentos, de equipes especializadas, de transferência de informação, de expertise. Não é um procedimento simples, é de altíssima complexidade. Hoje, o Delphina atinge um patamar nunca antes visto no estado, concentrando transplante de rim, de fígado e implante coclear. É por isso que estamos trabalhando todos os dias para levar o padrão Delphina para toda a REDE estadual de saúde”, afirmou o governador Wilson Lima.
De acordo com a Secretaria de Estado de saúde (SES-AM), os transplantes envolveram mais de 50 profissionais, entre médicos, enfermeiros e equipes de apoio, uma operação que durou cerca de 17 horas ininterruptas. Para a secretária da SES-AM, Nayara Maksoud, o feito consolidou o hospital Delphina Aziz como uma potência no SUS e o Amazonas entra definitivamente no seleto rol de estados que são referências nacionais para o Ministério da saúde em transplante, o que envolve desde a captação, a cirurgia e toda a linha de cuidados.

FOTO: Alex Pazuello/SECOM
O caso da paciente de Ipixuna integra um conjunto de transplantes realizados em 1º de novembro a partir dos órgãos de uma mesma doadora, uma mulher de 45 anos, vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC). A família autorizou a doação, gesto que possibilitou salvar a vida de três pessoas, incluindo outras duas mulheres que receberam os rins. Os dois transplantes de rins também foram realizados no mesmo dia no Delphina Aziz.
Diagnosticada com cirrose hepática, a paciente que recebeu o fígado vinha sendo acompanhada pela equipe do Delphina Aziz e encontrou no transplante uma nova oportunidade de vida. Após dias de monitoramento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ela evoluiu satisfatoriamente e pôde retornar para casa.
Um dos médicos responsáveis pela cirurgia da receptora, Juan Brañez explicou que a mulher, de 38 anos, apresentava complicações graves decorrentes de hepatite B e Delta, e que o transplante foi realizado pouco tempo depois que o Ministério da saúde concedeu a habilitação para o hospital realizar o procedimento de alta complexidade.
“É uma paciente jovem, ela teve três complicações decorrentes da cirrose, que foi muito grave. E, de repente, uma semana depois, a gente terminou fazendo o transplante dessa paciente. O processo para a realização do primeiro transplante de fígado começou há seis meses, com capacitação de toda a equipe, graças a Deus a gente conseguiu fazer o procedimento com muita tranquilidade, todo mundo trabalhando em harmonia”, destacou.


O médico chamou a atenção para a conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos. Ele lembrou que o procedimento só foi possível graças ao gesto solidário da família da doadora, que ajudou a salvar outras vidas, além da paciente transplantada.
“É muito importante a gente conscientizar as pessoas de que sejam doadores, porque isso salva vidas. Foram três pacientes que aproveitaram a caridade da pessoa que doou. Eu peço com gentileza que todo mundo converse com seus familiares e fale em vida de que é um doador ou quer ser um doador, para dar a oportunidade de pessoas doentes terem uma segunda chance”, disse.
Para a diretora assistencial do Complexo Hospitalar da Zona Norte (CHZN), Jecivane Solidão, a realização do transplante representa um marco histórico para a saúde pública do Amazonas. Ela destacou que, além do impacto clínico, o serviço traz benefícios sociais e emocionais aos pacientes, que agora podem receber tratamento completo perto de suas famílias.
“É um dia realmente muito histórico. Toda a equipe assistencial que participou dessa grande construção se sente muito orgulhosa. Eles conseguem fazer o tratamento aqui conosco desde a consulta ambulatorial e até o transplante quando for necessário. Hoje, eles conseguem fazer o tratamento aqui conosco, ficar próximo das suas famílias, e isso ajuda inclusive no próprio tratamento”, afirmou.

FOTO: Alex Pazuello/SECOM
Avanço da alta complexidade no Amazonas
O transplante de fígado é o primeiro do tipo realizado na REDE pública estadual em uma década. Entre 2014 e 2015, sete procedimentos foram feitos no Hospital Adriano Jorge, que posteriormente não conseguiu renovar a habilitação. A retomada foi possível graças à modernização da infraestrutura hospitalar e à capacitação das equipes do Delphina Aziz.
Em 9 de outubro deste ano, o Ministério da saúde concedeu, por meio da portaria nº 3.331, a habilitação que autoriza o Delphina Aziz a realizar transplantes de fígado. A unidade, vinculada à Secretaria de Estado de saúde (SES-AM), tornou-se o primeiro hospital público do Amazonas a alcançar esse nível técnico e estrutural em dez anos. Desde 2023, o hospital já realizava transplantes renais e implantes cocleares, ampliando o acesso da população a cirurgias de alta complexidade dentro do próprio Estado.


