No penúltimo dia da participação brasileira na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP), a indústria foi o destaque da programação. Nesta quarta-feira (16), o hidrogênio verde, as iniciativas da economia de baixo carbono, as contribuições da indústria para a conservação florestal, a neutralidade climática e a transição energética foram temas de painéis no Pavilhão Brasil, em Sharm el-Sheikh, no Egito. As discussões contaram com a presença de representantes de empresas e entidades da indústria.O diretor de relações institucionais do grupo Unigel, Léo Sleyzynger, comemorou o passo adiante que a companhia deu para o avanço das energias verdes. “É uma honra estar aqui anunciando a primeira fábrica de hidrogênio verde do Brasil, que está em construção. A fábrica será carbono zero, contribuindo para toda cadeia produtiva, e vai ao encontro dos desafios no que se refere ao combate ao aquecimento global. E isso, num momento que o mundo bate os oito bilhões de habitantes e deve bater 10 bilhões em poucas décadas, o hidrogênio vem como solução ideal para aumento de produção sem emissão nenhuma de carbono”, comentou.
O secretário da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Marcelo Freire, reconheceu o papel da indústria no desenvolvimento de tecnologias que revolucionam a produção com energias limpas e baixa emissão. “A indústria brasileira é um motivo de orgulho para nós e para o mundo na questão da mudança climática. O mundo precisa entender e voltar seus olhos para o Brasil e indústria brasileira. Representamos uma grande oportunidade de alocação de investimentos para aqueles que buscam descarbonização. A indústria traz essa certeza de uma forma muito clara e isso ocorre pela matriz energética brasileira que é, em sua maioria, limpa, e pelas inovações que ocorrerem no nosso território”, disse.
A transição energética para matrizes renováveis foi alvo de debates que vão desde biocombustíveis à produção de alimentos, assim como a vantagem competitiva que o Brasil possui frente aos outros países. Por possuir ventos regulares, sobretudo na Região Nordeste, alta incidência solar e grandes áreas agricultáveis e muito produtivas, a vice-presidente de estratégia, meio ambientee sustentabilidade da Raízen, Paula Kovarsky, pontuou que a transição para a economia de baixo carbono é uma jornada de longo prazo. “O mercado tem que entender, evoluir e optar pelos produtos sustentáveis cada vez mais. A geração atual tem um código de valores diferente e isso é muito importante para o futuro”, afirmou.
Neutralidade climática
O mundo tem o compromisso de atingir a neutralidade climática em 2050, e o Brasil sempre costuma ser apontado como parte desta solução. Além de abrigar grande parte da maior floresta tropical do mundo e uma rica biodiversidade, o potencial brasileiro na geração de energias renováveis é um dos maiores do mundo, partindo dos recursos naturais abundantes no país e do agronegócio, que tem um papel importante para o mercado de biocombustíveis.
No painel desta terça que debateu o tema, foram apresentadas as metas e propostas sobre o último relatório divulgado pelo painel de mudanças climáticas, que trouxe evidências mostrando que é necessária mais ambição por parte das nações para reduzir os gases de efeito estufa. A transição para uma economia de baixo carbono envolve esforços de países, governos, indivíduos e empresas. Marcas ambientalmente responsáveis se diferenciam no mercado, trazendo mais competitividade.
Uma importante aliada na redução das emissões é a economia circular desde a matéria prima de origem renovável, até a produção e distribuição dos produtos, incluindo equipamentos mais sustentáveis, com menos consumo de água e emissões de carbono.
“O setor industrial faz parte da solução na descarbonização e tem sido pioneiro. Ao contrário de uma postura reativa que pensa só no custo que isso tudo implica, passamos a ter como propositura ser competitivos e somar. Temos trabalhado para incentivar estudos, pesquisas e discussões para que isso seja viabilizado e também trabalhamos na divulgação dos resultados”, encerra Mônica Messenberg, diretora de Relações Institucionais da CNI.
Conservação florestal
Iniciativas inovadoras em bioeconomia movimentaram as discussões sobre preservação de floresta nativa. Segundo o diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), José Luís Gordon, 67% da carteira de trabalho da empresa têm relação com algum Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O principal setor atendido pela Embrapii é a agroindústria, que tem aprimorado técnicas para se enquadrar na bioeconomia.
ASCOM MMA