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Comercializada por duas associações entre janeiro e outubro deste ano, a matéria-prima tem sido utiliza na produção de pneus da multinacional
O ano de 2023 tem sido promissor para os extrativistas das comunidades do Lago do Capanã Grande e Bom Suspiro, em Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus), que têm produzido borracha para uma das maiores fabricantes de pneus do mundo, a Michelin. Com o apoio e assistência do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), seringueiros da Associação de Moradores Agroestrativistas do Lago do Capanã (Amalcg) e da Associação de Moradores Agroextrativistas da Comunidade de Bom Suspiro comercializaram, entre janeiro e outubro, dois mil quilos de borracha para a multinacional utilizar na fabricação de pneus.
A retomada em grande escala da atividade em Manicoré, nas comunidades Lago do Capanã Grande e Bom Suspiro, se deu neste ano, com a intensificação do Projeto Prioritário da Borracha, uma iniciativa do Idam, que conta com uma unidade local (UnLoc) no município. “Ou seja, o trabalho junto aos extrativistas têm surtido efeito e, em curto prazo, a venda da borracha para o mercado foi intensificada e logo para a Michelin”, disse diretor-presidente do Idam, Vanderlei Alvino.
Alvino destaca que o projeto prioritário visa estimular a cadeia produtiva da borracha, de forma sustentável, e garantir emprego e renda à população que depende da atividade como meio de subsistência. “Por meio da iniciativa e atendimento à Michelin, aproximadamente 300 seringueiros da região, o que é uma conquista ao setor primário amazonense”, destacou.
Capacitação
Além da assistência necessária às associações, o Idam também intensificou a capacitação dos extrativistas em Manicoré, segundo o Departamento de Assistência Técnica e Extensão Florestal (Datef) do instituto. “Somente no mês de outubro, 95 trabalhadores rurais envolvidos na extração de borracha foram capacitados, por meio dos cursos disponibilizados pelo Idam”, disse o chefe do Datef, Luiz Rocha.
Entre os assuntos abordados estavam legislação ambiental, sustentabilidade e boas práticas da extração da borracha, conforme informou o chefe do Datef. “O foco do Idam é alavancar a produção e, claro, garantir renda ao trabalhador rural. Só conseguiremos alcançar esses objetivos se proporcionarmos a capacitação necessária aos extrativistas e o apoio necessário às associações, que é o que temos feito e que já tem dado frutos aos envolvidos na atividade”, frisou.
O chefe do Datef destaca ainda que a matéria-prima destinada à Michelin não deve ficar nos dois mil quilos. “Uma nova remessa de borracha já está sendo preparada para ser entregue e utilizada nas linhas de produção da empresa, ainda neste ano”, garantiu.
Parceiros
O Projeto Prioritário da Borracha do Idam em Manicoré tem como parceiros a empresa a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), a Michelin, o Memorial Chico Mendes, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e World Wide Fund for Nature (WWF).
Histórico
O Brasil já foi o maior produtor de borracha do mundo, porém, em 1951, o país se tornou importador da matéria-prima. O Amazonas, referência em produção da borracha, no passado, está disposto a retomar a hegemonia no segmento e o Governo do Amazonas, por meio do Idam, tem atuado nessa retomada, com assistência técnica e extensão rural (Ater).
Atualmente, a atividade relacionada à borracha é desenvolvida em 14 municípios amazonenses — Carauari, Jutaí, Eirunepé, Pauini, Boca do Acre, Lábrea, Canutama, Humaitá, Itacoatiara, Nova Olinda do Norte, Itamarati, Urucará, Guajará e Manicoré.
Em 2022, a produção de borracha em território amazonense somou 314 toneladas e beneficiou mais de 246 agricultores familiares e produtores rurais.