É da agricultura urbana e periurbana que vem a maior parte da produção de alface hidropônica comercializada em feiras e mercados locais de Manaus, mais precisamente da região do bairro Jorge Teixeira, zona leste da capital amazonense, e rodovias BR-174 e AM-010. Em 2019, o Amazonas produziu 14,9 milhões de pés de alface hidropônica, e Manaus foi responsável por 67% desta produção, conforme dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam).
Da alface hidropônica cultivada na capital e regiões próximas, 65% é do tipo crespa, 25% do tipo americana e 10% da variedade roxa. Além da capital, essa produção está concentrada em Iranduba, Itacoatiara e Manacapuru, e os quatro municípios juntos representam 87% da produção total de alface hidropônica no Amazonas.
Além da alface hidropônica, agricultores da capital amazonense ainda são responsáveis pelo abastecimento de outras variedades de verduras, legumes e frutas. A atividade de horticultura envolve 556 famílias rurais somente em Manaus, das quais mais de 60 trabalham com a alface hidropônica.
O diretor-presidente do Idam, Valdenor Cardoso, destaca que essas famílias têm apresentado excelentes resultados de produção, e o Instituto vem acompanhando todas as etapas de cultivo e inserção de novas tecnologias, assim como na emissão de documentos que possibilitam maior participação em programas de comercialização.
“Nossa meta é avançar na assistência técnica a esses produtores para que continuem produzindo alimentos de qualidade e com orientação adequada em plantios mais tecnificados”, disse Valdenor, ao destacar que o Idam está verificando a viabilidade de instalar um posto da Unidade Local do Idam/Manaus em parceria com o Instituto Federal do Amazonas (Ifam) para atender os produtores da região da zona leste da capital.
De acordo com a engenheira agrônoma do Idam, Anecilene Buzaglo, o cultivo hidropônico apresentou um aumento de 10% ao ano, se avaliada a produção de 2018 para 2019, quando o Amazonas passou de 38 hectares de área plantada para 42 hectares com alface hidropônica.
“A hidroponia é uma tendência tecnológica, e os agricultores tendem a migrar para esse sistema de cultivo à medida que encontram dificuldades em outros sistemas. O cultivo em solo, por exemplo, em determinada época do ano é prejudicado pelo excesso de chuvas, e o aparecimento de doenças é bem maior nesse período. Na hidroponia, o investimento inicial é alto, mas o retorno econômico é rápido, porque o ciclo da alface é de 30 a 35 dias, e já é possível comercializar o produto”, explicou.
Produção – Com seis casas de vegetação (plantio protegido) em produção no ramal do Ipiranguinha, Km 2,5, bairro Jorge Teixeira, o casal de produtores Cleopas Ferreira, de 39 anos, e Aldacilia Silva, 42, chega a colher até 12 ciclos da alface. “Trabalho com o plantio de hortaliças há 10 anos, e hoje minha produção, antes mesmo de ser colhida, já tem destino certo. Meus clientes me procuram diretamente na propriedade, e atualmente comercializo a sacola de alface a R$ 1,70”, destacou.
Cleopas evidencia que o preço da sacola da alface varia conforme a estação do ano. No período de inverno, o produtor colhe por dia de 400 a 500 pés de alface e comercializa até R$ 1,20 a sacola. Já no período do verão, época onde há maior incidência de pragas nesse sistema, a produção é de 150 pés por dia e o valor unitário, conforme citado, é de R$ 1,70, em função da menor oferta no mercado.