Produtores e empresários do Amazonas estimam um crescimento de até 50% na comercialização dos produtos de origem animal a partir da adesão da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf) ao Sistema Brasileiro de Inspeção (Sisbi), prevista para ocorrer ainda neste ano.
A integração ao Sisbi elevará o selo de inspeção da Adaf a reconhecimento nacional, permitindo que os produtos inspecionados sejam vendidos para outros estados. Hoje, eles passam pelo Serviço de Inspeção Estadual (SIE), que limita a comercialização ao Amazonas. O selo garante que os produtos estão dentro dos padrões higiênico-sanitários previstos na legislação e são seguros para consumo.
Dono do Frigonorte, José Erivaldo espera aumentar de 200 toneladas para 300 toneladas a média de pescados vendida mensalmente com a adesão ao Sisbi. “A expectativa é de um aumento considerável de vendas, porque são compradores interessados em levar cargas grandes. Tenho muitos contatos de fora do estado e, assim que puder, vou vender os pescados. Mas tem que ser tudo certinho, jamais eu iria comercializar para fora do Amazonas sem autorização”, afirma.
O entusiasmo do empresário se justifica por ele já ter observado o crescimento do Frigonorte a partir da certificação junto ao SIE, no ano de 2011. Hoje, seus principais clientes são duas grandes redes de supermercado. “Depois do SIE fiquei apto para vender para eles, que não compram produto sem o selo de inspeção sanitária. Foi desde que passei pelo SIE que tive condições de entrar no mercado”, lembra.
O Frigonorte comercializa, atualmente, tambaqui (oriundo de Rondônia) e pirarucu (do Amazonas), mas Erivaldo acredita que outros peixes devem entrar na lista a partir da expansão prevista para ocorrer com a adesão da Adaf ao Sisbi. “Surubim e dourado, por exemplo, são tipos de peixes que têm uma venda mais voltada para fora do estado. Não compro hoje porque não vou ter como vender”, explica.
A ampliação de mercado também já se encontra no radar do Frigorífico Amazonas. O negócio, iniciado há dez anos, em Manaus, no ramo de casa de carnes, expandiu suas atividades, em janeiro deste ano, com a inauguração de uma indústria, em Humaitá, com capacidade de abate de 7 mil bois por mês. Considerando a média de 280 quilos de cada animal, o local tem possibilidade de chegar a uma produção de 1.960 toneladas por mês de carne e osso, e de 1.470 toneladas de carne após beneficiamento.
O proprietário Jarbas de Carvalho estima que a implantação do Sisbi eleve entre 30% e 40% o total mensal de animais abatidos, que hoje gira em torno de 3,5 mil. As carnes abastecem não apenas as seis lojas da empresa familiar instaladas em Manaus, mas outros clientes no Amazonas. “Com o Sisbi, vou melhorar a minha qualidade de atendimento e aumentar a venda. A minha planta não comporta um SIE só, preciso ter outros mercados”, afirma o empresário.
Carvalho revela que a negociação de vendas após a emissão do selo com validade em todo o território brasileiro já está avançada com empresários das regiões Sudeste e Nordeste. “Já temos conversas com parceiros de São Paulo e de estados do Nordeste. Será a abertura de um mercado nacional”, comemora.
Com 260 funcionários hoje, em Humaitá e Manaus, o Frigorífico Amazonas também espera elevar em mais de 20% a geração de empregos a partir do aumento da produção. “Nosso abate irá aumentar, e com certeza nós vamos ampliar nosso quadro de funcionários, chegando a 320 empregos”, estima o empresário.
Mercado ampliado, consumo seguro e produto regional valorizado – O Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal garante a segurança alimentar por meio de procedimentos padronizados de inspeção. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem solicitar a equivalência dos seus Serviços de Inspeção com o nacional mediante a comprovação de que têm condições de avaliar a qualidade e a inocuidade dos produtos de origem animal com a mesma eficiência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O Amazonas se encontra em estágio avançado do cumprimento de metas determinadas pela pasta. A Adaf encaminhou ao ministério um plano de trabalho, que se encontra em avaliação. Nele, estão contidos pontos como a contratação de laboratório para análise de produtos, já solicitada à Comissão Geral de Licitação (CGL).
“Nossa expectativa é de que ainda este ano a Adaf esteja no Sisbi, o que vai significar um passo histórico para os produtores locais e para o Amazonas, com a valorização dos produtos regionais e a possibilidade de comercialização em todo o Brasil”, celebra o diretor-presidente da Adaf, Alexandre Araújo.