Todos os anos a corporação homenageia os 273 heróis comandados pelo tenente-coronel Cândido Mariano

Foto: Arquivo/ PMAM
Há 128 anos, retornava do interior dos sertões da Bahia, da cidade de Bom Jesus, a tropa da polícia Militar do Amazonas (PMAM) composta por 273 policiais, liderados pelo tenente-coronel Cândido Mariano. Eles chegaram em Manaus em 8 de novembro de 1897, após lutarem em um dos conflitos civis mais emblemáticos da história do Brasil: a Guerra de Canudos. O retorno vitorioso destes bravos guerreiros virou símbolo de heroísmo, disciplina e lealdade à pátria na corporação militar.
O episódio remonta ao fim do século XIX, quando o movimento de Canudos, liderado por Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, mobilizou milhares de sertanejos em protesto contra decisões do governo republicano, daquela época. O movimento, de caráter político e religioso, ganhou força e passou a ser visto como ameaça à estabilidade nacional, levando o governo federal a enviar sucessivas expedições militares para sufocar a resistência.


Após a derrota de três dessas expedições, o governador do Amazonas, à época, Fileto Pires Ferreira, atendeu à convocação federal e determinou o envio de uma tropa da Força Pública Estadual, sob o comando do tenente-coronel Cândido Mariano, que anos mais tarde se tornaria patrono das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), uma das unidades especializadas e estratégicas da PMAM, nos dias atuais.
Assim, nasceu o Batalhão Amazonas, composto por 24 oficiais e 249 praças, que partiu de Manaus em 4 de agosto de 1897, a bordo do vapor Botelho, com destino a Belém e, posteriormente, à Bahia, chegando a Salvador em 24 de agosto.
Entre 24 de setembro e 1º de outubro de 1897, o Batalhão amazonense participou de intensos combates contra os seguidores de Conselheiro, conquistando posições estratégicas como os redutos das igrejas nova e velha, além de dezenas de casas inimigas. Os confrontos foram violentos: o Amazonas perdeu um capitão e 12 praças, teve 23 feridos e 15 desaparecidos, mas manteve-se firme até a vitória final.
Vitória e retorno heroico
Em 8 de novembro de 1897, após a destruição definitiva do arraial de Canudos, o Batalhão Amazonas retornou triunfante a Manaus, sendo recebido na Praça da polícia com aclamação popular, em uma das mais emocionantes manifestações públicas da história do Estado.


O comandante-geral da PMAM, coronel PM Klinger Paiva, explica que desde então, o Retorno da Tropa de Canudos passou a integrar o calendário oficial de solenidades da polícia Militar do Amazonas, como uma data de reverência e reconhecimento aos 273 heróis que representaram o Estado com bravura e lealdade.
“A polícia Militar tem realizado cerimônias marcadas por grande emoção e simbolismo. Algumas das solenidades já ocorreram na Praça da polícia, local histórico onde o batalhão foi recebido em 1897. Hoje, nossas solenidades de Canudos são realizadas no Complexo do Comando Geral da PMAM. Durante o evento, são entregues medalhas e honrarias específicas alusivas à Campanha de Canudos, destinadas a militares e personalidades que se destacam por serviços prestados à corporação e à sociedade amazonense”, detalhou o comandante-geral.
As cerimônias também costumam contar com formaturas gerais, desfiles militares, apresentações da Banda de Música da PMAM e homenagens ao tenente-coronel Cândido Mariano, cujo exemplo de liderança e coragem segue inspirando gerações de policiais militares.
Passados 128 anos, a memória da Tropa de Canudos permanece viva como símbolo de determinação, heroísmo e espírito de sacrifício, reafirmando o compromisso da polícia Militar do Amazonas com os valores que a sustentam desde sua origem.


