Por: Sebastião Nascimento – Bolsista de Apoio Técnico Fapeam
O projeto Cidadania Digital (Procidig), do curso de Comunicação Social/Jornalismo do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia da Universidade Federal do Amazonas (Icsez/Ufam), promoveu atividades de campo em Nova Alegria, na comunidade indígena do povo Sateré-Mawé, situada às margens do rio Rio Uaicurapá, em Parintins (AM). A visita à Escola Municipal Indígena “Nuitu-Nuitu Ymye da Terra Indígena Andirá-Marau contou com a participação de colaboradores de outras instituições, encerrando a etapa de campo do projeto de pesquisa e extensão da Ufam.
Na ocasião, foi ministrada a segunda etapa da oficina “Tecnologia Social da Memória”, coordenada por Eliete Pereira, (Mae/Usp), bolsista de pós-doc Sênior do CNPq, junto com os professores das escolas indígenas das comunidades Vila da Paz, São Francisco e Nova Alegria. Também foi ministrada a oficina “Artes amazônicas”, voltada para crianças da comunidade, conduzida por Marina Magalhães (Icsez/Ufam), que coordena o projeto Cidadania Digital. Também compuseram a equipe a professora Hellen Picanço Simas, coordenadora do curso de Comunicação Social/Jornalismo (Icsez/Ufam), a professora Cândida Nobre (Icsez/Ufam) e a pesquisadora italiana Chiara Parlanti, mestranda do curso de filosofia da Universidade Roma Tre.
Segundo Eliete Pereira, a segunda etapa da oficina “Tecnologia Social da Memória” compartilhou experiências indígenas de registro da memória, encerrando com a gravação de entrevista com o professor Sateré-Mawé Zacarias de Souza Ferreira, sobre o nome da escola e a origem do guaraná, e com a entrega dos certificados aos participantes da atividade. “Também foram apresentados os resultados da digitalização dos desenhos das crianças participantes da oficina de Etnoterritorialidades realizada pelo projeto em agosto passado, coordenada pelos pesquisadores Taynnara Franco (UFG) e Thiago Franco (UFG)”, destacou.
Para a coordenadora do projeto Cidadania Digital, Marina Magalhães, voltar a Nova Alegria é uma forma de retribuir o acolhimento e parceria entre pesquisadores e a comunidade envolvida. Ainda em agosto passado, a equipe também havia visitado pela segunda vez o Quilombo Santa Tereza do Matupiri, a fim de promover novas ações e devolver os resultados da oficina de fotografia, realizada em maio deste ano, em forma de exposição fotográfica na comunidade.
“A produção compartilhada de conhecimento não se encerra no momento da oficina ou nos conteúdos produzidos durante esses encontros, mas busca se expandir para outros territórios a partir dos atores da própria comunidade. É um processo contínuo de construção de memória por meio das narrativas plurais dos povos da Amazônia”, explica Magalhães. “Os primeiros resultados do projeto serão reunidos em uma plataforma digital, a exemplo do mapa digital de narrativas, construído pelos pesquisadores da Universidade Federal de Goiás junto com crianças de Nova Alegria e do Matupiri”.
Os próximos meses de atividades do projeto, que termina em fevereiro de 2024, serão dedicados à socialização dos resultados por meio de diversas ações de divulgação de ciência. Para além do site do projeto, o plano inclui a produção de artigos científicos e de um livro digital, a participação em eventos acadêmicos nacionais e internacionais, além de produtos midiáticos construídos em parceria com as comunidades envolvidas, como uma série de podcasts, uma radionovela, um fotolivro, entre outras produções.
O Projeto Cidadania Digital tem como instituição executora a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), no âmbito do Grupo de Pesquisa Visualidades Amazônicas (Via/CNpq), e resulta de uma parceria com o Centro Internacional de Pesquisa Atopos (Usp), a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), entre outras instituições parceiras. A pesquisa é financiada pelo Programa Humanitas – Edital n. 05/2022 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).