Falta de medicamentos, de produtos de higiene e limpeza, centro cirúrgico parado devido sujeira acumulada, acompanhantes denunciando um ambiente propício à contaminação, trabalhadores da saúde com cinco meses de salários atrasados e realizando manifestação. Esse é o retrato constatado pelo deputado estadual Wilker Barreto que na noite da última quarta-feira, 03, esteve no Hospital Geral Dr. Geraldo da Rocha, localizado na Praça Tancredo Neves, Colônia Antônio Aleixo. O parlamentar se dirigiu até o local em função de constantes denúncias que estava recebendo.
Ao caminhar pelo corredor do hospital, o deputado logo identificou o baixo estoque de medicamentos, com a informação repassada de apenas 15% a 20% do necessário. Além disso, há duas semanas o centro cirúrgico está parado, deixando de realizar neste período uma média de 16 procedimentos, uma vez que a unidade de saúde é referência em tratamento do pé diabético. Na ocasião, aliás, a esposa do senhor Pedro Paiva da Silva, 56 anos, dona Vasti Barbosa de Souza, relatou que o marido estava internado há um mês, e que há duas semanas aguardava por uma cirurgia. Entretanto, com o centro cirúrgico exposto, sem limpeza, o procedimento foi suspenso. Assim, ele precisou seguir para o HPS 28 de Agosto.
“Estou há um mês aqui dentro e nada da cirurgia dele, foi marcado para o dia 27 (de abril) e não foi feita pois o centro cirúrgico está sujo, contaminado, não foi limpo, e hoje só foi feito curativo porque as enfermeiras se juntaram, compraram material, água sanitária, sabão, e foram lavar para poder fazer os curativos. Meu marido iria tirar os dois dedos, agora vai ter que tirar os quatro dedos. Não tem remédio, não tem material de limpeza, não tem copo, a gente que compra e faz a limpeza, o banheiro do meu bloco eu que lavo. Fui numa UBS pegar medicamento, e a gente vive essa calamidade”, disse Vasti, que nesta madrugada encarou o Hospital 28 de Agosto, mas sem ficha de encaminhamento, teve que enfrentar algumas horas para que o marido fosse avaliado, aguardando ainda a cirurgia num divã do corredor da unidade.
Trabalhadores
Outro fato que chamou atenção foi a fala do pescador Adermicilio da Silva, 53. Ele contou que está há mais de um mês no hospital, e que vê de perto o sofrimento dos profissionais da saúde que estão sem receber há cinco meses. Os serviços gerais da empresa Oriente, por exemplo, não estão realizando a limpeza periódica como forma de protesto.
“Pessoal não recebe, estamos tirando do bolso para a gente limpar. Outro dia, dei R$20 reais para um trabalhador voltar para casa, pois eu tenho pouco, mas ele não tinha nada”, afirmou o pescador. “Eu sofri um acidente, me furei no fundo d’água. A condição aqui é triste, ter que passar por isso com mais de cinquenta anos de idade. Aqui, tudo a gente compra, desde papel higiênico até remédio, tem que se virar”, comentou o morador do bairro do Puraquequara.
O deputado frisou a importância das fiscalizações nos hospitais para que situações como essas possam vir à tona. O parlamentar afirmou que continuará cobrando do Governo do Amazonas a resolução para o atraso salarial dos trabalhadores da saúde, através do Termo de Ajustamento de Gestão (TAG), que vem sendo costurado com a base governista e profissionais por meio de Wilker Barreto. Além disso, vai oficializar o Executivo cobrando explicações para tamanha calamidade nos hospitais.
“Este hospital poderia estar desafogando a saúde, mas não está, pois aqui está deste jeito. São 16 cirurgias a cada duas semanas que não estão ocorrendo, e os pacientes estão indo para outras unidades que já estão lotadas. É desumano. A realidade dos trabalhadores da saúde é absurda, e eles ainda tentam ajudar, mas imagina ficar cinco meses sem receber? Se as enfermeiras não limpam, iria parar o curativo. O que está acontecendo é falta de gestão, é falta de olhar diferenciado com o nosso povo. Isto é triste, e continuarei sendo a voz dessas pessoas”, ressaltou Barreto.
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Texto: Dayson Valente