A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta sexta-feira (14/4), em Pequim, que Brasil e China terão ampla cooperação em transição energética, proteção de florestas e rastreabilidade de commodities. A colaboração inclui o combate a crimes ambientais, com impedimento de acesso a mercados para produtos com origem na devastação ambiental, entre outros temas.Em dois dias de trabalho, foram celebrados diversos acordos de cooperação em vários setores, resultado do encontro do presidente Lula com o presidente chinês, Xi Jinping.
O discurso da ministra, na embaixada de Pequim, ocorreu após assinatura de declaração conjunta pelos dois países sobre combate a mudanças climáticas. O documento cria um Subcomitê de Meio Ambiente e Mudança Climática no âmbito do Comitê de Coordenação e Cooperação de Alto Nível China-Brasil (COSBAN).
Em 2004, quando este comitê foi estabelecido, cerca de dez grupos de trabalho foram criados para tratar de diversos assuntos, mas não havia um subcomitê sobre meio ambiente. Agora, Brasil e China demonstram a urgência da crise climática, a prioridade para enfrentá-la, e a importância que os dois países têm nas negociações e iniciativas internacionais.
A definição estratégica ocorre em um momento de retomada e fortalecimento da parceria Brasil-China, em que o Brasil volta às negociações internacionais, interrompendo o isolamento dos últimos anos.
“A cooperação que agora se reinicia será ampla em relação a florestas, transição energética, cooperação técnica e científica, rastreabilidade, poluição atmosférica, entre outros temas e setores, incluindo o combate aos crimes ambientais, com impedimentos de acesso a mercados para produtos com origem na devastação ambiental”, disse a ministra.
Segundo ela, o Brasil tem grande potencial para ser ao mesmo tempo uma potência agrícola e florestal. Acordos tecnológicos liderados pela ministra Luciana Santos vão colaborar nas ações de combate ao desmatamento.
“A China tem grande experiência com reflorestamento, já recompôs cerca de 70 milhões de hectares de área degradada. O Brasil tem grandes áreas com floresta, mas também grande quantidade de áreas degradadas, e pode se beneficiar da experiência chinesa na recuperação dessas áreas”, declarou Marina.
Ela disse que o presidente Lula enfatizou claramente, junto com a ministra Luciana Santos e os ministros Fernando Haddad, Carlos Fávaro, Paulo Teixeira e Juscelino Filho, que o meio ambiente é um tema transversal, em que todos os setores do governo podem e devem atuar. “A declaração conjunta dos governos do Brasil e da China ressalta essa visão ampla, com a qual nossos países podem dar grande contribuição aos demais países em desenvolvimento, no âmbito da cooperação Sul-Sul, mas também no esforço para alcançar os objetivos do Acordo de Paris e demais acordos internacionais. O mundo inteiro ganha com a volta do protagonismo do Brasil e a retomada do entendimento e cooperação com a China”, disse a ministra.
O documento assinado pelos dois países destaca que a implementação de uma transição justa para uma economia de baixo carbono e resiliente ao clima nos países em desenvolvimento custará trilhões de dólares, e que Brasil e China continuam “muito preocupados com o fato de que o financiamento climático fornecido pelos países desenvolvidos continue aquém do compromisso de US$ 100 bilhões por ano, como tem acontecido todos os anos desde que a meta foi estabelecida em 2009, mesmo que o montante real necessário ultrapasse de longe esse compromisso”.
Os dois países se comprometem a “ampliar, aprofundar e diversificar a cooperação bilateral em questões climáticas”. A declaração conjunta cita a colaboração no “apoio à eliminação do desmatamento e da exploração madeireira ilegal global por meio da aplicação efetiva de suas respectivas leis de proibição de importações e exportações ilegais”.
Destaca ainda cooperação no desenvolvimento de tecnologias, incluindo o novo satélite CBERS 6, que permitirá melhor monitoramento da cobertura florestal. E nas áreas de conservação e manejo sustentável de florestas, regeneração e reflorestamento de áreas degradadas.
No documento, a China apoia a candidatura do Brasil como sede da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima que será realizada em 2025.
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