O Brasil realizou, nesta quinta-feira (17), os últimos painéis de debates no estande do país na 27 ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 27), no Egito. Ao longo de duas semanas, foram mais de 50 palestras e discussões promovidas pelo Governo Federal no evento.Somados aos painéis promovidos no Espaço Sebrae, focados em uma agenda para as startups nacionais que atuam em temas ligados à proteção ambiental e ao combate às mudanças climáticas, foram mais de 100 painéis, que resultaram em mais de 90 horas de transmissão. Todos eles estão disponíveis para o público no Youtube do Ministério do Meio Ambiente.
Nesta quinta-feira (17), um dos temas de destaque tratou da Sustentabilidade dos Biomas Brasileiros. Para isso, um time de especialistas foi reunido como palestrantes. A iniciativa contou com a participação da presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA) e secretária de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso, Mauren Lazzaretti; do secretário do Meio Ambiente do Amazonas e vice-presidente da ABEMA, Eduardo Taveira; da presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Patrícia Iglesias; do secretário-executivo de Meio Ambiente de Santa Catarina, Leonardo Porto; do diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA), Leonlene Aguiar; e da secretária de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Julie Messias.
Ao debater a realidade de cinco dos seis biomas brasileiros e abordar temas ligados à Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pantanal (o sexto bioma é o Pampa, que não foi abordado devido ao tempo do painel), os palestrantes foram unânimes em afirmar que o combate às mudanças climáticas passa, obrigatoriamente, pela luta contra a pobreza e a desigualdade social.
“Além da importância da cobertura vegetal, da importância que tem o bioma para o equilíbrio climático, embaixo das copas das árvores existem pessoas”, afirma Eduardo Taveira.
Para o secretário do Meio Ambiente do Amazonas, o combate ao desmatamento e às queimadas deve ser mantido, mas, sem a redução da pobreza na região não é possível evoluir uma agenda ambiental de maneira sustentável.
“Não adianta apontar o dedo para a Amazônia e dizer que temos responsabilidades se a gente não resolver problemas que são básicos para todas as sociedades desenvolvidas no planeta, que são a inclusão social e a redução da pobreza. Esse é o primeiro objetivo da Agenda 2030: reduzir a pobreza. Se a gente perseguir juntos esse objetivo, eu tenho certeza de que os demais problemas automaticamente serão solucionados”, afirmou Taveira.
Foto: Daniela Luquini
Para além da Amazônia
A presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA) e secretária de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso, Mauren Lazzaretti, parabenizou o governo por abrir espaço para discutir outros biomas brasileiros no estande do país na COP 27.
“Em muitos momentos, ficamos restritos a falar de desmatamento e queimada e a falar só da Amazônia. O Brasil tem um potencial para contribuir para o clima em todos os seus biomas. Por isso, é extremamente relevante compartilhar as experiências. Cinco deles foram expostos hoje e em cada um há oportunidades de sustentabilidade e produção de energia”, diz Mauren Lazzaretti.
Ela prossegue ao citar o exemplo da Caatinga. “O bioma da Caatinga poucos conhecem. Mas ele tem o maior potencial de energia renovável por meio de fontes eólica e solar do país. Temos um potencial brasileiro para a produção de energia e para uma economia verde que ainda é pouco conhecido”, prossegue a palestrante. Ela conclui ressaltando que o combate à desigualdade social é determinante para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Para a secretária de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Julie Messias, o esforço em ampliar o debate em torno da realidade dos diferentes biomas nacionais resultou em um painel plural, relevante e conectado com os temas discutidos na COP 27.
“Ter os biomas brasileiros apresentados por quem executa a política pública ambiental nos estados desses biomas é fundamental. A proposta do estande do Brasil é justamente essa: demonstrar o compliance que o Brasil tem nos seus diferentes biomas, que têm importância igual pela interrelação que eles possuem”, explica Julie Messias.
“Nós temos o desafio da conservação, mas temos o desafio do desenvolvimento social. Nós precisamos conservar, precisamos de mecanismos para garantir os serviços ecossistêmicos, mas, fundamentalmente, precisamos dar garantia de qualidade de vida para as pessoas que vivem nessas regiões”, reforça a secretária.
Demais temas
Além dos biomas, os painéis desta quinta-feira (17) abordaram temas como hidrogênio verde, matriz energética brasileira e as oportunidades para a transição, inovações tecnológicas e descarbonização no setor de óleo e gás, cooperativas e sustentabilidade (Reclicla+), eólicas offshore e as políticas públicas e financiamentos para a recuperação de vegetação nativa.
Nesta sexta-feira (18.11), último dia da COP 27, o estande do Brasil estará aberto durante todo o dia para visitação, mas sem a realização de painéis ou debates formais. A estrutura montada pelo governo brasileiro para a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima tem o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).