Por Agência Amazonas
Documento alinha procedimentos para compra e venda de créditos de carbono com empresas e governos membros da Coalizão
O Governo do Amazonas assinou, nesta quarta-feira (16/11), uma carta de intenções com a organização Emergent Forest Finance Accelerator, durante a COP 27, em Sharm el Sheikh, no Egito. O objetivo é habilitar o estado para transações de novos créditos de carbono de alto valor agregado, por meio da Coalizão Leaf.
A Emergent é uma entidade americana sem fins lucrativos que coordena administrativamente a Coalizão Leaf, iniciativa global voluntária que reúne empresas e governos para fornecer financiamento para a conservação de florestas tropicais e subtropicais – incluindo negociações para compra e venda de créditos de carbono.
A carta assinada na COP 27 vai permitir a troca técnica entre o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), junto à Emergent, bem como o alinhamento das políticas de REDD+ do Estado para a emissão de novos créditos de carbono dentro do padrão ART-TREES.
Trata-se de um alinhamento de propostas para que o Estado possa, futuramente, firmar contratos de compra e venda de novos créditos, dentro da Coalizão Leaf, que inclui compradores como os governos da Noruega, Reino Unido e Estados Unidos, além de empresas como a Amazon, Airbnb, Bayer, BCG, Nestlé e Unilever, por exemplo.
“Nós já assinamos o nosso decreto que estabelece cotas para a comercialização de créditos de carbono e estamos atentos a essa iniciativa, porque os recursos, resultado dessa comercialização, serão empregados em benefícios para as comunidades, para financiar atividades econômicas como a bioeconomia e para manutenção do nosso ‘Guardiões da Floresta’, nosso programa de pagamento por serviços ambientais destinado a quem ajuda a manter a floresta em pé”, destacou o governador do Amazonas, Wilson Lima.
O secretário do Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, que está na COP 27 representando o governador Wilson Lima, falou sobre a iniciativa. “É um passo muito importante que o Estado dá nesse compromisso, que tem aí a mobilização de grandes governos e empresas. Mostra que os passos que o Amazonas está dando dentro do fortalecimento desses mecanismos estão indo na direção certa”, disse.
Maior valor agregado
O ART-TREES é um programa autônomo e independente, que desenvolve e administra procedimentos para creditar reduções de emissões de grandes programas nacionais ou subnacionais de REDD+, e que pode garantir a captação de até 10 dólares por tonelada de carbono que deixar de ser emitida.
Para gerar créditos novos, a proposta é que a venda dos créditos vintage sejam investidos em ações e programas para redução do desmatamento e emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), bem como o fortalecimento das ações de conservação, sobretudo, de áreas protegidas.
“A iniciativa Leaf reúne as principais empresas e governos do mundo na busca desses créditos de alto valor. O que o Estado do Amazonas está fazendo é usar os créditos que anunciamos na COP para captar recursos, para que a gente possa estabelecer dentro do Amazonas a emissão de novos créditos de maior valor agregado; e tornar esse mercado cada vez mais atrativo para essa nova geração de créditos de carbono”, pontuou o secretário.
Amazonas na COP 27
A comitiva do Governo do Amazonas na COP 27 é formada pelo secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira; pela secretária executiva-adjunta de gestão ambiental da Sema, Fabrícia Arruda; e pelo secretário de Relações Federativas e Internacionais do Amazonas, Adriano Mendonça.
Desde a segunda-feira (14/11), o Estado realizou ações importantes na conferência, como o lançamento do mercado de carbono amazonense e a assinatura de um Memorando de Entendimento junto à Wildlife Conservation Society (WCS), para a avaliar a implementação de um modelo de investimentos baseado na precificação de serviços ambientais nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá e Amanã.
A agenda da comitiva segue nesta quinta-feira (17/11), com a moderação de um painel promovido pela Associação Brasileira de Entidades de Meio Ambiente (Abema), intitulado “A sustentabilidade dos biomas brasileiros”.
Ainda pela manhã, o secretário da Sema se reúne com o presidente da Câmara Árabe, embaixador Osmar Chohfi, e com o secretário geral, Tamer Mansour, para discutir oportunidades com os países árabes.
Pela tarde, a agenda da comitiva segue com uma reunião com a cofundadora e presidente do Instituto Igarapé, Illona Szabo, sobre pesquisas e iniciativas para reduzir crimes ambientais e atrair investimentos para a região.