O combate às mudanças climáticas debatido por representantes de quase 200 países na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 27), realizada em Sharm El-Sheik, no Egito, passa pelo fortalecimento de uma economia verde que seja capaz de financiar os projetos sustentáveis que o mundo precisa para reduzir os efeitos da emissão de gases de efeito estufa.Nesse sentido, o estande do Brasil na COP 27 contou com a participação, nos painéis realizados nesta terça-feira (15.11), dos responsáveis por três instituições fundamentais neste processo: o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro; a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano. Eles estiveram acompanhados nos debates pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Os quatro discutiram diversos pontos ligados ao mercado de crédito de carbono no Brasil, cujo potencial é altíssimo, dada as condições sustentáveis que o Brasil hoje detém em áreas fundamentais como a geração de energia e a agroindústria.
O principal desafio, segundo eles, é desenvolver uma estrutura para monetizar o capital verde brasileiro, de modo que aqueles que preservam e trabalham para reduzir as emissões de gases de efeito estufa possam ser recompensados, fortalecendo toda a cadeia verde.
“A sustentabilidade está de mãos dadas com o desenvolvimento. Colocamos no BNDES a agenda climática e a agenda de sustentabilidade no coração da nossa estratégia. Como participante da COP em Glasgow no ano passado e agora dessa COP aqui no Egito, é notória a evolução do Brasil e do banco neste sentido”, afirma Gustavo Montezano, presidente do BNDES.
Ele lembrou que o BNDES é o terceiro maior financiador de energia limpa do mundo e é uma instituição que está modelando a maior carteira de concessão de ativos ambientais do planeta, com 18 milhões de hectares. Além disso, o banco lidera a tecnologia de carbono no sistema financeiro, tendo realizado este ano uma chamada de crédito de carbono em aberto de até R$ 100 milhões.
“Qual é o objetivo disso? Induzir no setor público e privado brasileiro essa conscientização e o entendimento de economia verde, de economia climática, porque ao a sociedade entender isso, o servidor, o empresário, o empreendedor, isso traz uma vantagem competitiva para o Brasil”, avaliou. “Então, é muito bom ver o Brasil em peso aqui na COP, mostrando o que o Brasil tem feito e certificando que nós estamos liderando essa corrida tecnológica. Isso vai gerar muito emprego verde no Brasil”, conclui.
CAIXA e BB
Para a presidente da CAIXA, é importante agir de modo conjunto na relação dessas grandes instituições financeiras com a economia verde que está sendo implantada no Brasil.
“A CAIXA tem trabalhado de forma muito integrada, principalmente com o BNDES, que é um banco social de atacado, enquanto nós somos um banco social de varejo, na integração dos objetivos de sustentabilidade a longo prazo, enxergando as instituições como instituições de estado”, pontua Daniella Marques.
A presidente da CAIXA destaca a importância do banco no processo de levar às comunidades locais informação sobre economia e sustentabilidade. “A CAIXA vai ter um papel bastante estratégico nessa agenda, dada a potência de rede que tem e a presença em quase 100% dos municípios brasileiros”, continua a executiva.
O presidente do Banco do Brasil lembrou que a instituição tem um enorme papel junto ao agronegócio nacional e afirmou que tem trabalhado para que investidores estrangeiros possam se integrar ao mercado voluntário de créditos de carbono que está sendo montado no país.
“O principal foi a mensagem que a gente tentou levar relacionada às boas práticas hoje no agronegócio brasileiro, não só agricultura, mas na pecuária. E também da imensa oportunidade que nós temos no Brasil para a emissão de crédito de carbono”, destaca Fausto de Andrade Ribeiro.
“Nós recentemente originamos três operações de crédito de carbono no Brasil e a ideia é encontrar investidores estrangeiros no mercado voluntário que estejam dispostos a compensar suas emissões. Eu tenho feito um conjunto de reuniões internacionais com diversos públicos para tentar que viabilizem uma venda internacional de crédito de carbono”, revela o presidente do Banco do Brasil.
Plenária
Nesta terça-feira, o ministro Joaquim Leite representou o governo brasileiro e discursou em uma das plenárias da COP 27. Ele ressaltou os desafios que o país tem pela frente e também falou sobre o potencial do país no mercado de crédito de carbono.
“O Brasil ainda tem enormes desafios ambientais a superar, assim como a maioria dos 194 países signatários do acordo do clima”, afirmou Joaquim Leite. Ele citou como exemplos o desmatamento ilegal na Amazônia, os 100 milhões de brasileiros sem acesso a rede de esgoto e outros 35 milhões sem acesso a água potável, além do trabalho a ser feito nos mais de 2.600 lixões a céu aberto.
Sobre a força da economia verde do Brasil, o ministro do Meio Ambiente foi categórico ao prever o posto que o país irá ocupar nos próximos anos. “O mercado regulado de crédito de carbono traz elementos inovadores na formação de instrumentos econômicos que possibilitam a monetização dos ativos ambientais. O Brasil vai ser líder nesta compensação ambiental, exportando créditos de carbono para empresas e países poluidores”, assegurou Joaquim Leite.
Com informações da Secom