As discussões da 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27) desta sexta-feira (11) tiveram uma grande variedade de temas, passando pela descarbonização, energia solar, cooperativismo, economia circular e indústria. Nesta edição, em que o Brasil quer mostrar ao mundo o porquê de ser o país das energias verdes, o etanol, biocombustível mais conhecido entre os brasileiros foi um dos assuntos centrais pois, além de estar acessível em qualquer posto de combustível do país, pode colocar o Brasil no protagonismo global da produção de hidrogênio.O setor sucroenergético nacional vem abastecendo o país e o mundo para além do açúcar desde a década de 1970, quando o etanol passou a ser utilizado em motores a combustão como alternativa à gasolina, reforçando o pioneirismo do Brasil neste setor.
O diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério das Minas e Energias (MME), Fábio Vinhado da Silva, chamou a atenção para o fato de o Brasil ter uma das maiores frotas de veículos leves flex do mundo, além de possuir uma gasolina com menor impacto ambiental, pois é misturada com álcool, que emite menos gases e possui uma cadeia de produção mais limpa do que a do derivado do petróleo.
“Temos usinas produzindo etanol tanto com cana-de-açúcar quanto com milho, com uma pegada de carbono bem menor se comparada a de outros países. O nosso híbrido flex, por exemplo, tem uma intensidade média de emissão de carbono por quilômetro rodado menor do que o carro elétrico europeu, pois temos que olhar também a matriz energética que, aqui, é predominantemente renovável, e lá é a base de carvão minera e gás natural”, disse o representante do MME.
Atualmente, segundo Silva, a Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP) tem nove processos em análise para a construção de instalações de biometano, outra importante fonte renovável. Esse combustível tem potencial para substituir 3,9 bilhões de litros de diesel até 2031.
O CEO da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Evandro Gussi, destacou que o excedente de produção de energias renováveis trará investimento estrangeiro e deixará a indústria brasileira mais competitiva. “O que nós temos que pensar é que, em 30 anos, teremos a indústria migrando para o Brasil ou nós estaremos exportando energia. Vamos ser os grandes líderes desse mercado e vamos passar a liderar pelo exemplo”, disse.
Gussi defendeu que o etanol é um grande armazenador de energia, de uma forma simples, barata e segura, ao contrário do que ocorre com o transporte do hidrogênio já pressurizado ou líquido, que tem grandes desafios logísticos. “Podemos pensar no etanol como uma bateria líquida de hidrogênio, que pode ser transportada em todos os modais conhecidos, com total segurança e a um custo relativamente baixo”, finalizou.
Redução da pegada de carbono global
O secretário da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente, Marcelo Feire, sintetizou a importância do Brasil enquanto agente decisivo para combater as mudanças climáticas. “Quanto maior for a produção brasileira, menor vão ser as emissões globais”, resumiu.
Beatriz Milliet, gerente executiva de sustentabilidade Copersucar, também chamou a atenção para o fato de o Brasil dispor de grande diversidade de recursos naturais, que podem ajudar o mundo na redução de gases do efeito estufa. Apenas o uso do etanol em veículos foi responsável por evitar que 10,5 bilhões de toneladas de carbono fossem lançadas na atmosfera. “Muitas indústrias podem procurar o Brasil para descarbonizar a sua produção industrial. O setor tem muitas possibilidades, incluindo o uso industrial do etanol e do biogás. O setor da cana-de-açúcar tem uma economia circular: nós fixamos carbono no solo, produzimos açúcar, etanol, biomassa que gera eletricidade e volta como fertilizante, tudo isso já consolidado.
Um exemplo do Mato Grosso, apresentado pela diretora do Sindicato de Bioenergia do estado, Lhaís Sparvoli, mostra como a cadeia de produção do etanol de milho tem melhorado, também, a produtividade do gado de corte.
Descarbonização
A Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) apresentou o papel dos estados para o avanço na descarbonização do setor energético. Representantes do Ceará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo participaram dos debates.
No Pavilhão Brasil, também houve discussões sobre energia solar com representantes do setor, parceria com países árabes e economia de baixo carbono da Amazônia.
Confira aqui a programação completa.
Saiba mais sobre a COP27.
ASCOM MMA