O segundo dia de programação do Pavilhão Brasil na 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27) foi marcado por painéis sobre a descarbonização na indústria; agricultura e clima; tecnologia e inovação impulsionando o futuro verde; e o programa Alimenta Brasil, associado à sustentabilidade social. As discussões desta quarta-feira (9) contaram com a presença do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite – que lidera a comitiva brasileira na COP27 -, e dos ministros da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes. Os secretários da Amazônia, Marcelo Freire; do Clima e Relações Internacionais; Marcus Paranaguá; e da Biodiversidade, Julie Messias, participaram diretamente de Sharm el-Sheik, no Egito, assim como representantes da indústria e startups.Durante o painel que discutiu agricultura e clima, o ministro Joaquim Leite ressaltou o fato de o Brasil ter a produção convencional mais regenerativa do mundo, que fixa carbono no solo, e fornece alimentos para mais de 200 países, alimentando mais de 1 bilhão de pessoas nos cinco continentes, com uma agricultura sustentável e protetora da floresta.
Leite também destacou o papel do agro como produtor de energia limpa e renovável, como é o caso do etanol, que contribui para a redução das emissões de gases e coloca o Brasil como exemplo para o mundo, não só como grande produtor deste combustível, mas como fornecedor de tecnologia, dado o tamanho da frota de veículos flex no Brasil.
“Vamos defender o Brasil de qualquer protecionismo climático. Nós produzimos 312 milhões de toneladas só de grãos, isso mostra que o Brasil é uma potência agrícola e que produz de forma sustentável duas safras por ano. Vamos mostrar o Brasil real na COP, o país das energias limpas e renováveis. Exportar o etanol para substituir os combustíveis fósseis. Qualquer percentual do etanol substituindo o combustível fóssil nos leva na direção correta da energia limpa e podem, assim, ajudar a descarbonizar os transportes”, defendeu Joaquim Leite.
A produção de alimentos foi o destaque da participação do ministro Marcos Montes. Ele reiterou a mudança de vocação do Brasil nos últimos 40 anos, que passou de importador para um dos maiores produtores do mundo quando o assunto é agricultura e pecuária, tudo isso com mais de 66% do território preservado nos biomas.
“Preservar ambientalmente é importante. O mundo precisa se alimentar e nós precisamos produzir, devemos ter resolvida essa equação. Um dos termos do Acordo de Paris é que o combate à mudança climática deve ocorrer sem o comprometimento da produção de alimentos”, disse Montes. Ele também defendeu que haja valor agregado a produtores que fazem a compensação de emissões e que sejam remunerados para além da emissão de créditos de carbono por produtos que zerem as emissões.
Plano ABC+
Reforçando ainda mais a integração entre o agro e o meio ambiente, o Plano ABC+, que traça metas de redução na emissão de gases do efeito estufa na agropecuária, também foi apresentado e defendido pelos dois ministros. A meta é reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário até 2030. O número é sete vezes maior do que o plano definiu em sua primeira etapa. Até o fim desta década, o objetivo é expandir áreas com as tecnologias ABC para 72 milhões de hectares.
Energias verdes no agro
O agronegócio brasileiro vem se beneficiando de opções de geração de energia dentro das próprias fazendas, que trazem economia ao produtor e benefícios para o meio ambiente. O número de painéis solares e uso de biomassa e biogás vem crescendo, com potencial para aumentar a cada ano. Resíduos sólidos e dejetos da criação de animais alimentam biodigestores que produzem o biometano e biofertilizantes. No caso do combustível natural, ele pode alimentar geradores de energia elétrica nas propriedades ou substituir o diesel para fazer rodar veículos pesados como caminhões e tratores.
“Nesses últimos quatro anos, nós instalamos o equivalente a uma Itaipu em energia solar. Neste governo, a gente trabalha de forma integrada para desenvolver e trazer oportunidades para atingirmos a neutralidade climática até 2050”, enfatizou Leite.
Alimenta Brasil
Encerrando os painéis desta quarta-feira, o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, apresentou o programa Alimenta Brasil que, aliado ao Auxílio Brasil, foi um dos principais vetores de erradicação da pobreza extrema no Brasil.
Dados de um relatório divulgado pelo Banco Mundial, nessa segunda-feira (7), indicam que o número de pessoas vivendo abaixo da linha de extrema pobreza no País reduziu, saindo de 5,4% em 2019 para 1,9% em 2020.
O Alimenta Brasil é o programa de aquisição de alimentos, que tem como finalidade ampliar o acesso à alimentação e incentivar a produção de agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, povos indígenas e demais populações tradicionais.
“A gente tem que pensar em todas as políticas sociais de maneira sinérgica. Não podem as políticas sociais caminharem cada uma para um lado. Incentivamos com 200 reais por família para comprar sementes e insumos e incentivar a agricultura familiar. Criamos o programa Brasil Fraterno, Comida no Prato, que é um sistema informatizado que identifica comércios que têm produtos próximos à data de validade e nós conseguimos aproveitar em cozinhas comunitárias, evitando o desperdício e toda uma cadeia de logística reversa e desperdício desses produtos. Foi uma forma de avançar no consumo consciente do preparo de alimentos”, explica Bento.
Joaquim Leite ressaltou a importância de iniciativas como esta para o meio ambiente. “Esse alimento seria desperdiçado, transformado em lixo, mas esse programa deu um destino muito mais inteligente e que ativa uma atividade econômica na região. Toda vez que temos uma melhoria de processos, estamos promovendo a descarbonização”, comentou o ministro.
Confira aqui a programação completa.
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ASCOM MMA