Avanço em pesquisas sobre métodos de captura, armazenamento e produção de carbono e hidrogênio verde, maior oferta de compressores e turbomáquinas, assim como mão de obra local especializada em manutenção industrial, instrumentação, Inteligência Artificial (IA) e uso intensivo de dados. Essas foram algumas demandas expostas por representantes do setor de óleo e gás natural para um cenário até 2040, durante o “Fórum de Óleo e Gás” promovido pela Suframa, nesta quinta-feira (4), no auditório da Autarquia.
Na abertura do evento, o superintendente da Suframa, Algacir Polsin, explicou que o fórum abre uma agenda de debates com especialistas e representantes de setores estratégicos e que está inserido no contexto do “Amazônia 2040: cenários prospectivos e agenda estratégica para o Desenvolvimento”, integrante do projeto “Cenários BRASIL 2040”, do qual a Autarquia se tornou partícipe em julho. “O futuro nos reserva vários cenários. Ou escolhemos ficar assistindo ao futuro chegar ou decidimos ser atuantes para construir um cenário mais próximo do que desejamos e mais longe do que consideramos negativo”, frisa Polsin.
O superintendente também ressaltou que o evento busca promover um diálogo entre as empresas e instituições atuantes no setor com entidades ou órgãos, como fabricantes de outros segmentos econômicos, institutos de ciência e tecnologia e universidades, para que os atendimentos das demandas expostas sejam planejados e satisfatoriamente executados. “Queremos saber, por exemplo, qual é a demanda de mão de obra técnica e onde na região? Se há uma necessidade que o setor componentista pode atender, abrindo uma linha de produção específica ou, ainda, que pesquisa precisa ser feita que talvez a empresa tenha recurso de financiamento mais ágil que o da lei de informática”, pontuou.
Durante a manhã, o fórum contou com as apresentações de representantes de empresas e instituições como a Petrobras; Universidade Estadual do Amazonas (UEA); Amazonas Energia; Universidade Federal do Amazonas (Ufam); Eneva, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam); Engie – Transportadora Gasoduto Coari/Manaus; e Cigás.
À tarde, ocorreram as apresentações da Breitener; Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam); Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam).
GLP
O gerente geral da Unidade de Negócios de Produção da Amazônia da Petrobras, Stênio Jayme Galvão Filho, expôs os desafios logísticos das operações realizadas no Amazonas onde funcionam 86 poços ativos (75 produtores e 11 injetores) e são produzidas 1.100 toneladas por dia de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), equivalente a aproximadamente 84 mil botijas de GLP por dia. “São 70% da energia elétrica consumida em Manaus viabilizadas por nossa entrega de gás. Além do atendimento de outros sete municípios do Amazonas”, frisou, adicionando que em Urucu hoje trabalham 1012 pessoas.
Ao elencar os principais desafios do setor, Galvão Filho explicou que, além das situações de restrição operacional devido às adversidades climáticas, a atividade na região se ressente de maior participação de fornecedores e mão de obras locais. “Compramos tudo de fora e constantemente precisamos de sobressalentes para grandes máquinas, como compressores, e equipamentos de automação industrial e controle. Também precisamos de mão de obra especializada local. Atualmente, a maioria dos profissionais são de fora da região. Precisamos de formação de mão de obra para operar com instrumentos (pressão, temperatura, vazão) e na manutenção e automação industrial. Também precisamos de especialistas em Inteligência Artificial (IA) e uso intensivo de dados”, detalhou, acrescentando que o segmento também necessita de pesquisas em métodos de captura, armazenamento e produção de carbono e hidrogênio verde.
Especialização
O professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Ronaldo Pimentel Mannarino destacou que a instituição ofereceu o curso de especialização em Gestão de Tecnologias do Gás Natural, com duração de 18 meses, e que de 2000 a 2014 foram sete turmas, com 350 matriculados e 139 diplomados.
Outro curso ofertado foi o de tecnólogo em Petróleo e Gás, de 2014 a 2016, com turmas em Coari, Itacoatiara e Carauari cujo total foi de 140 alunos matriculados e 65 formados.
A respeito das carências e desafios do setor de óleo e gás natural na Amazônia, Mannarino frisou a importância da escolha da perspectiva. “Tem a história dos dois vendedores de sandálias que chegaram a uma ilha onde todos eram descalços. O primeiro disse que a empresa devia desistir da implantação, visto que ninguém lá usava sandálias. O segundo disse para empresa aumentar o investimento, pois havia oportunidade de vender sandálias para todos os habitantes”, contou.
Bioeconomia
O próximo evento do Amazônia 2040 promovido pela Suframa será o “Fórum de Bioeconomia”, que ocorrerá na próxima quinta-feira (11), no auditório da Autarquia.