Duas práticas sustentáveis – a reciclagem dos copos plásticos já utilizados e a produção orgânica de alimentos – se aliam no berçário de mudas do Centro de Detenção Provisória de Manaus 2 (CDPM 2). A atividade, desenvolvida por três reeducandos da unidade, faz parte do programa de ressocialização “Trabalhando a Liberdade”, promovido pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), em parceria com o CGPAM, consórcio cogestor dos CDPMs 1 e 2.
“Sentíamos a necessidade de aumentar a produção da horta e dar um destino sustentável aos copos plásticos utilizados na unidade. Com a abertura de novos espaços para canteiros, conseguimos implementar a ideia do berçário”, explica Alexandre de Moraes, gerente de projeto do CDPM 2.
Dentre as espécies de verduras e vegetais produzidas na unidade estão: alface, tomate, cebola, couve-flor, chicória, berinjela, pimenta de cheiro, murupi, pimenta dedo de moça, maxixe, quiabo, couve, repolho, mastruz, rúcula coentro e cebolinha. No total, são oito estufas com 24 canteiros. Toda a produção é destinada à cozinha da unidade.
Para o diretor do CDPM 2, Jean Carlo Oliveira, a atitude, embora pequena, se difere em meio a degradação da natureza e os impactos negativos ao meio ambiente causados pelas ações do homem.
“O reeducando está usando a reciclagem como meio de reverter a destruição acelerada do ecossistema além de exercer um trabalho comunitário, visto que essas pequenas mudas se transformam em alimentos para o consumo da população carcerária e ainda dos funcionários que trabalham nas unidades prisionais”, disse.
O interno Carlos (nome fictício), que há dois anos trabalha na horta da unidade, diz que as mudas ficam, em média, 15 dias no berçário. Depois, são plantadas nos canteiros. Todo mês, são colhidos cerca de mil pés de alface, 400 maços de coentro e 600 pés de cebola, entre as demais colheitas.
“É muito bom poder produzir nosso próprio alimento, livre de agrotóxico. Além disso, lidar diariamente com a terra ajuda a colocar nossos pensamentos no lugar”, afirma.
Ressocialização – Hoje, 200 internos dos CDPMs 1 e 2 fazem parte de um dos três projetos de ressocialização mantido pelo CGPAM, que garantem um dia de pena a menos a cada três dias de trabalho ou estudo, de acordo com a Lei de Execução Penal, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984.
Além de oferecer uma formação profissional e uma ocupação para os reeducandos, o programa “Trabalhando a Liberdade” contribui para a remição de pena e estimula a saúde mental dos participantes.