Além de responsáveis por boa parte das internações hospitalares e pela maioria dos atendimentos de urgência e emergência, os acidentes de trânsito geraram mais de R$ 2 milhões em custos hospitalares na rede pública do Amazonas. Visando reduzir o impacto desses acidentes no sistema de saúde, o Governo do Estado está implementando um plano para prevenção de incidentes no trânsito e redução de internações na rede hospitalar, com ações de prevenção e de fiscalização e ampliação de cirurgias na rede pública.
De janeiro a setembro deste ano, foram 10.274 acidentes de trânsito no estado, dos quais 3.418 ocasionaram mais de 8,8 mil pessoas feridas, que foram direcionadas aos três maiores prontos-socorros do Estado: João Lúcio, 28 de Agosto e Platão Araújo. Segundo o diretor técnico do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM), Amurinê Tomaz, a maioria das vítimas lesionadas advém de colisões envolvendo motocicletas, principalmente a partir do mês de maio, quando houve maior procura pelos serviços de delivery.
“Para vocês terem uma ideia, apenas 2.900 condutores de motocicletas, de um total de 179 mil, possuem o curso de motofretista, que é o curso que capacita esses condutores a estarem na rua com esses serviços de entregas delivery. Convoco todos esses condutores que não possuem esse curso para procurar o Detran, que está ofertando mais vagas para capacitação. A gente acredita que, ao submeter esses condutores aos cursos, a gente vai ter condutores mais prudentes e mais segurança no trânsito”, enfatizou o diretor.
O motociclista que desejar atuar no ramo de entrega precisa incluir a Atividade Remunerada (EAR) na Carteira Nacional de Habilitação e ainda fazer curso de motofretista. O curso está disponível pelo Detran-AM, ao valor de R$ 220,89.
Leitos e cirurgias – Até o mês de setembro deste ano, os três maiores prontos-socorros do Amazonas – João Lúcio, 28 de Agosto e Platão Araújo – atenderam 8.844 vítimas de acidentes de trânsito, gerando para o Estado um custo de R$ 2,03 milhões com internações, cirurgias e outros procedimentos.
“Muitas delas são politraumatizadas, não apenas vítimas de fraturas simples, mas que, além do acometimento ortopédico, também apresentam uma lesão neurocirúrgica, e isso leva a um maior número de internações, que têm um custo médico hospitalar que onera o Sistema Único de Saúde. A média de permanência de um paciente politraumatizado é maior do que qualquer outro agravo dentro de um ambiente hospitalar, levando, dependendo da gravidade das lesões, a um período de internação superior a 15 dias”, observou a secretária executiva adjunta de Políticas Públicas e Saúde Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), Nayara Maksoud.
Diante desse quadro, o Governo do Amazonas deu início ao plano de cirurgias ortopédicas noturnas, no período entre 19h e 1h. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) espera retirar, em 30 dias, 180 pacientes dos três principais Hospitais e Prontos-Socorros de Manaus, aguardando esse tipo de procedimento.
O objetivo é realizar, de segunda a sexta-feira, 15 cirurgias somente no HPS 28 de agosto, ressaltando que a ação aconteceu paralelamente nos HPSs João Lúcio e Platão Araújo.
O plano faz parte de um conjunto de medidas implementadas pelo Governo do Amazonas com vistas a reorganizar a rede estadual de saúde e aumentar a capacidade operacional das unidades para o enfrentamento da Covid-19 no período sazonal da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Fiscalização – De acordo com o coordenador do Núcleo Especializado em Operações de Trânsito (Neot), Victor Mansur, o Detran-AM mapeou as zonas em que ocorrem índices mais altos de acidentes.
“A partir dessa semana já iremos intensificar a fiscalização nessas zonas. Além das fiscalizações, é bom enfatizar que as pessoas se tornem mais conscientes, respeitando as normas e leis de trânsito”, ressaltou Mansur.
Os acidentes envolvendo duas rodas figuram entre os maiores causadores de mortes no trânsito neste ano no estado: das 218 pessoas que perderam a vida em 2020 no Amazonas, 102 estavam em uma motocicleta.
Em outra frente de ação, o Governo do Amazonas tem ampliado o programa “Vida no Trânsito”, do Ministério da Saúde, no estado. Atualmente, além da capital, outros 11 municípios tem o programa ativo.
“É um programa intersetorial que envolve diversos setores que lidam com esse problema, com objetivo de prevenções de lesões, prevenções de mortes ocasionadas por acidentes no trânsito, além da promoção da saúde no trânsito”, pontuou o epidemiologista da Fundação de Vigilância em Saúde no Amazonas (FVS-AM), Ronildo Alencar.
Óbitos – O número de acidentes de trânsito no Amazonas diminuiu neste ano, em comparação com o ano passado. De janeiro a setembro, foram registrados 10.274 acidentes nas vias do estado, contra 11.617 em 2019, uma redução de 11,5% no período.
Mesmo com a redução geral no número de acidentes, as mortes no trânsito aumentaram 1% este ano. Ao todo, 218 pessoas perderam a vida nas ruas e rodovias do estado, contra 215 no ano passado. A motocicleta ainda é um dos principais causadores de mortes no trânsito. Até setembro do ano passado foram 81 óbitos sobre duas rodas contra 102 este ano, um aumento de 25%.