A castanha-do-brasil é um dos produtos do extrativismo de maior importância para o Amazonas, e sua produção vem sendo fomentada pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), por meio do Projeto Prioritário da Castanha-do-Brasil. O resultado desse trabalho foi um aumento significativo da produção no estado, que chegou no ano passado a mais de 16 mil toneladas, segundo dados do Idam. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também noticiou que o Amazonas é o maior produtor nacional de castanha.
Segundo os dados do Relatório de Atividades do Idam, os municípios que mais se destacaram na produção de castanha-do-brasil cultivada no Amazonas, em 2019, foram Fonte Boa, Amaturá, Beruri, Urucará e Novo Remanso. Juntos, os cinco municípios abrangem cerca de 3 mil agricultores familiares produtores de castanha, que contribuíram com uma produção superior a 5,2 mil toneladas. Já no extrativismo tradicional, os principais municípios foram Coari, Tapauá, Boca do Acre, Canutama e Humaitá, com 1,3 mil extrativistas e uma produção de 11,8 mil toneladas.
Mais importante processo produtivo de comunidades extrativistas desde o fim do Ciclo da Borracha, a castanha-do-brasil se destaca como uma fonte de renda alternativa para os agricultores familiares, com o benefício de que sua coleta não requer nenhum dano à floresta. Suas peculiaridades, entretanto, oferecem desafios particulares que o Idam tem trabalhado em visitas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e investimentos direcionados para apoiar as comunidades extrativistas e agricultores familiares.
Uma das famílias beneficiadas desta forma foi a família do produtor rural Zaqueu Chagas da Silva, no município de Tapauá. Este ano, a família de Zaqueu recebeu uma visita Ater que lhe trouxe serviços de capacitação em boas práticas no manejo da castanha-do-brasil e cadastramento e emissão do Cartão do Produtor Primário, bem como crédito rural para a prática da atividade.
Especialista – Segundo a chefe do departamento de Assistência Técnica e Extensão Florestal (Datef) do Idam, Nadiele Pereira Pacheco, a castanha-do-Brasil é um fruto que leva um tempo razoavelmente longo para amadurecer, 18 meses.
“Por esse motivo, e aliado às questões de mudanças climáticas, existe uma irregularidade na produção entre as safras. Em regra geral, é um ano de alta seguido de um ano de baixa produção. Em 2020, consideramos que foi um ano de produção razoável, e a perspectiva é de 2021 ser um ano de baixa produção”.
De acordo com Nadiele, o Projeto Prioritário da Castanha-do-Brasil, e, consequentemente, a adoção das boas práticas de manejo por parte dos beneficiários do projeto, estão entre os caminhos para não só aumentar a produção como também qualificá-la, através de medidas para o manejo que proporcionem a conservação da espécie, a geração de emprego e renda para as populações tradicionais, e o fornecimento de um produto alimentício saudável.
Atualmente, cerca de 6,5 mil produtores fazem parte do processo produtivo da castanha-do-brasil no estado, dentre os quais aproximadamente 2,8 mil tiveram o apoio de visitas técnicas do Idam em 2019.
Agroindústria – Além de investimentos e auxílio diretos aos agricultores familiares, o Governo do Estado tem impulsionado a produção de castanha-do-brasil por meio de apoios à agroindústria, viabilizados por meio de políticas públicas e assistência técnica aos empreendimentos.
Ainda em agosto deste ano, o Idam, junto à Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), acompanhou a inauguração da fábrica de beneficiamento da castanha-do-brasil de Tapauá, a Agroindústria Abufari – Produtos Amazônicos. Hoje, o Amazonas possui 12 agroindústrias de beneficiamento da castanha-do-Brasil, das quais seis são formadas por Organizações da Sociedade Civil nos municípios de Amaturá, Boca do Acre, Beruri, Barcelos, Manicoré e Lábrea. As demais são da iniciativa privada, estabelecidas em Manaus, Humaitá, Coari, Tefé, Itacoatiara e Tapauá.
Em Beruri, um dos municípios de maior destaque na produção de castanha-do-brasil no Estado, o Idam trabalha ao lado da Associação dos Agropecuários de Beruri (Assoab). Operando em conjunto com a associação, o Idam garante serviços de assistência técnica e Ater por meio do Projeto Prioritário da Castanha-do-Brasil, beneficiando cerca de 400 produtores familiares na região.
Aí se inclui a família de Raimundo de Souza Almeida, morador da comunidade São João Batista do Lago do Uauaçú. Tradicional da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piguaçú Purus, a família Almeida trabalha com o extrativismo da castanha-do-brasil há mais de 30 anos, e hoje se beneficia da agroindústria como uma das muitas famílias que fornecem sua produção à Usina de Beneficiamento de Castanha-do-Brasil de Beruri.
Por meio da compra da produção dos agricultores familiares da região, a Usina proporciona uma fonte de renda mais estável às famílias do município.