Os fluxos de atendimento, o diagnóstico, as formas de assistência e a análise do cenário epidemiológico da esporotricose, em Manaus, ocuparam o centro dos debates na webconferência Diálogos na Atenção Primária à Saúde (APS) desta quarta-feira, 20/7. O evento é promovido periodicamente pela Prefeitura de Manaus para apoiar o processo de educação permanente dos servidores de saúde e também para informar o público sobre os temas de saúde pública.
Com mais de uma hora de duração, a webconferência contou com a participação da diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica (Devae), enfermeira Marinélia Ferreira; da nutricionista Cláudia Rolim, gerente de Vigilância Epidemiológica; da dermatologista Rosa Batista, do Núcleo de Controle da Hanseníase da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa); e também do chefe do Núcleo de Vigilância de zoonoses, Jhonata da Silva Calheiros.
“A webconferência foi importante para reforçar a importância do usuário estar atento aos sinais da doença tanto em seu animal como em si mesmo, saber quais as unidades para atendimento para esporotricose humana e as medidas de prevenção em relação ao agravo da doença, que é curável, mas que tem tratamento longo (em torno de três meses) e por isso é importante a adesão do usuário para curar a si mesmo e ao seu animal”, observou.
Conforme Marinélia, o evento foi importante para informar sobre o fluxo de atendimento a casos de esporotricose, que é uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida entre animais e pessoas, cujo tratamento e monitoramento envolve as áreas da vigilância, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) Dr. Carlos Durand e a assistência direta.
O chefe do Núcleo de Vigilância de Zoonoses do CCZ, Jhonata da Silva Calheiros, explicou que o fluxo de atendimentos aos casos de esporotricose animal deve ser iniciado pelo contato com o órgão que pode ser feito tanto pelo Disk-Saúde (0800 280 8 280), quanto pelo telefone corporativo 98842-8484, canais para onde devem ser enviadas fotos dos animais com sinais da doença para que uma avaliação preliminar seja realizada. A partir desse contato, a equipe agenda uma avaliação clínica mais apurada no CCZ. Uma vez constatada a doença, o responsável pelo animal recebe orientações e o antifúngico para o tratamento.
Processo
A gerente de Vigilância Epidemiológica da Semsa, Cláudia Rolim, informou que os primeiros casos de esporotricose na capital surgiram em 2020, quando a Semsa passou a organizar a rede para atender as pessoas e os animais acometidos, principalmente os gatos, que são mais vulneráveis à doença.
“O mesmo procedimento é adotado quando os animais que apresentam os sinais da doença são comunitários (animais de rua), que, embora não tenham um responsável, têm uma relação direta com os moradores do local em que vivem. É preciso que um responsável cuide desse animal, entre em contato conosco para que possamos dar um retorno sobre o uso da medicação”, informou.
Segundo dados da Semsa, Manaus registrou 240 casos da doença em animais, desde o ano de 2020.
“Hoje 80% dos casos estão concentrados no Distrito de Saúde Oeste e de 2021 para cá, a gente verifica que há casos se espalhando pela cidade toda. Todos os distritos de saúde da Semsa, com exceção da zona rural, assim como os municípios mais próximos de Manaus, apresentam casos de esporotricose. Por isso, é necessário adotar medidas de prevenção da doença. Estamos fortalecendo a rede com ajustes no fluxo do Lacen (Laboratório Central) que também será referência para o diagnóstico laboratorial para espotrotricose. Além disso, temos unidades de saúde para atender casos de esporotricose humana”, destacou.
Prevenção
Com relação à esporotricose humana, em 2020 foram identificados três casos, enquanto em 2021, foram 98 ocorrências. Até a primeira quinzena de julho, 211 casos foram registrados.
“É uma doença que está no solo, no material orgânico como plantas e vegetais, então é bom manter o ambiente sempre limpo, cuidando dos resíduos de árvores. Nas áreas de construção, é preciso cuidado redobrado com os entulhos e detritos de matéria orgânica para evitar a contaminação. E ao manusear plantas é preciso usar luvas e botas”, observou.
A dermatologista Rosa Batista, que atua no Núcleo de Controle da Hanseníase, falou sobre as manifestações clínicas da esporotricose e explicou que a doença é subcutânea, acometendo a pele e penetrando no tecido mais profundo, que concentra a gordura. Segundo ela, a doença pode tanto se manifestar na camada mais superficial da pele (forma cutânea fixa) quanto se aprofundar e fazer a forma cutânea linfática produzindo vários nódulos no caminho do sistema linfático e causando outras lesões.
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Dentre os cuidados relacionados à esporotricose zoonótica, é necessário evitar contato com gatos doentes ou suspeitos, levar o animal em caixa de transporte apropriada a um serviço médico veterinário para diagnóstico e conduta, com cuidado no manuseio para evitar infecção.
Foto – Divulgação / Semsa
Texto – Tânia Brandão/Semsa
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